Atividades beneficiaram crianças do conjunto Jamile Dequech
Atividades beneficiaram crianças do conjunto Jamile Dequech | Foto: Saulo Ohara



Com muita fé, coragem e vontade de ajudar o próximo, membros da igreja Adventista do Sétimo Dia desenvolvem um projeto com o intuito de evangelizar além fronteiras. O "Missão Calebe" acontece anualmente no período de férias e mobiliza adolescentes e jovens de toda a América do Sul. Em Londrina, a iniciativa acontece no conjunto Jamile Dequech, na zona sul, e tem a participação, além dos londrinenses, de seis chilenos.

São oito jovens moradores da região de Santiago, capital e maior cidade do Chile, que junto com os brasileiros realizam diversas atividades em prol da comunidade. "Para nós está sendo incrível. Viajar tantos quilômetros para servir as pessoas é gratificante. Estamos muitos surpresos com a recepção dos moradores que estão recebendo os serviços que prestamos. Me sinto realizado", define Franco Catalan, 22.

Eles chegaram no dia 19 de janeiro e ficarão até o próximo dia 3 de fevereiro. Junto com os londrinenses, já fizeram várias ações no bairro, onde já funciona o projeto "Missão Jamile Dequech", com doações de cestas básicas às quartas-feiras. Entre as tarefas promovidas nos últimos dias estão a entrega de livros religiosos, visitas nas casas, limpeza da escola do bairro e higienização da residência de uma moradora idosa, em que tiraram um caminhão de lixo.

BAGAGEM
A estadia em solo vermelho também tem proporcionado momentos de conhecimento da cultura brasileira e dos pontos turísticos de Londrina. "A comida é deliciosa. O clima me encanta e gostei muito da natureza que rodeia o lugar. O que mais apreciei comer foi coxinha, açaí e guaraná", brinca Barbara Valdez, 17.

Muito além da bagagem, o contato com os moradores do Jamile Dequech está colaborando para que levem novas experiências para o Chile. "A doações das cestas básicas para quem precisa e o projeto em si tem marcado muito o período que estamos aqui. Ver o impacto de pequenas atitudes na vida de crianças, deixando-as mais felizes, nos alegra também", afirma Catalan.

ESPANHOL
Uma das atividades desenvolvidas dentro do "Missão Calebe" é dar aulas de espanhol para crianças. O minicurso foi realizado durante toda a semana passada e contou com a participação de 13 meninos e meninas. Eles puderam aprender sobre aquela que é considerada a segunda língua mais falada no Mundo por meio de desenhos, músicas e textos. "Foi muito legal ter essa possibilidade, já que na escola não temos. É bom que tem muitas palavras parecidas com o português", conta Caroline Germano, 13. "Os professores foram muito gentis e atenciosos. Vamos sentir falta deles quando forem embora. Gostei de tudo, mas achei algumas coisas difíceis também. Quero continuar aprendendo mais", planeja Nicole Barbosa, 12.

Quatro voluntários participaram como professores, sendo três chilenos e uma docente londrinense. Feliz pela imersão na zona sul de Londrina, Rodrigo Saavedara, 24, levará boas lembranças para sua terra natal. "Nunca me imaginei dando aulas assim para crianças. Algo muito interessante e que tive como desafio o português, já que falo muito pouco", detalha.

Já para Jaime Catalan, 30, o dialeto foi mais fácil. Recentemente, ele esteve no Recife (PE), dando aulas de espanhol e inglês em um centro cultural durante um ano. "Achei as pessoas de Londrina simples e carinhosas. Me envolvi neste curto período e minha admiração e amor por este povo já é grande."

Ajudando na tradução dos visitante do Chile em Londrina, e também responsável por auxiliar os brasileiros que foram ao país em 2017, Adriceia Antunes Piton, 24, vê a missão como um "vício". "Agrega muito na vida de todos nós. Tanto nós, que fomos no Chile, quanto eles, que vieram para cá, quando se despedem deixam um pouco de si e carregam um pouco do outro."

RECEPTIVIDADE
Se em 2018 os jovens chilenos vieram ao país tropical, em 2017 foram os londrinenses que viajaram até a região do extremo sudoeste da América do Sul. No final do primeiro semestre do ano passado, um grupo de 16 pessoas, entre alunos e professores do Colégio Adventista da cidade, além de uma maringaense e uma paulistana, se aventuraram na missão fora de suas realidades. "O projeto faz com que trabalhemos em outro bairro, cidade e país que foge daquilo que convivemos diariamente", explica Camila Bayer, 16.

Eles ficaram por duas semanas em Melipilla, onde reformaram uma escola, cuidaram de crianças para os pais poderem trabalhar, visitaram hospitais e distribuíram cestas básicas. "Fomos muito bem recebidos. A cultura é totalmente diferente da nossa, mas a receptividade é muito parecida", destaca Kawany Lira, 15.

Segundo elas, esta imersão ajuda todos os participantes a formar amizades e visões sobre a vida. "Começamos a valorizar mais o que temos e nos sentimos bem em ajudar. Vimos um respeito muito grande entre os chilenos e com os animais. É um incentivo para nós", descreve Julia Moreira, 17.

Para o pastor Antonio Carlos Maurici, ações deste tipo fazem com que adolescentes e jovens possam ver o que é ser missionário na prática. "Eles entendem que não é apenas conhecer a cultura do outro, mas as necessidades dele. Isso mostra que todos precisam de atenção, sorriso, carinho e abraço, não importa de onde seja", ressalta. "Eles terão desafios maiores no decorrer da vida. Já estão testando e aprendendo desde agora", acrescenta.