A força das águas destruiu a passarela sobre a barragem e o mirante ficou isolado
A força das águas destruiu a passarela sobre a barragem e o mirante ficou isolado | Foto: Saulo Ohara



A doméstica Marlene Alves Pereira, 65 anos, mora nas proximidades da Usina Três Bocas, na zona sul de Londrina, onde fica o Parque Municipal Daisaku Ikeda. O espaço de lazer também sofreu danos com a chuva que caiu em janeiro de 2016. Ela lembra no dia do temporal o Ribeirão Três Bocas ficou com o nível das águas muito alto, sobrepondo a passarela da usina. "Encheu muito. Não fiquei com medo, mas jamais poderia imaginar que aquela chuva iria remover tanta terra. O poder de Deus é grande e isso é só o começo", diz se referindo a falta de cuidado dos homens em relação à preservação da natureza.
A força das águas destruiu a passarela que existia sobre a barragem; criou um desvio do leito do ribeirão, contornando a represa; e removeu tanta terra que o mirante que ficava a pelo menos 30 metros de distância da margem agora fica no meio do rio, deixando parte da fundação exposta. A chuva também destruiu um parque infantil, bancos e mesa que ficavam em uma área externa de convivência e também parte de um trecho pavimentado que direcionava até o mirante e até a barragem. O consolo é que pelo menos a trilha que existia no local está preservada.
Marlene relata que passeava muito no parque. "Os meus netos vinham nos fins de semana e a gente passeava muito ali. Dava para brincar bastante, mas agora com qualquer chuva a margem desbarranca e fica perigosa", lamenta.
O risco é tanto que a Secretaria Municipal do Ambiente (Sema) colocou um alambrado para que os visitantes não cheguem perto da encosta. "Nós pesquisamos sobre qual a distância segura para instalar o alambrado, para que não houvesse riscos aos visitantes", apontou a gerente de áreas verdes da Sema, Alexsandra Siqueira.
A erosão que consumiu quase a metade da área principal do parque deixou à mostra rochas basálticas. "As formações geológicas que surgiram lá são um novo atrativo", destaca a secretária de Meio Ambiente, Roberta Silveira Queiroz. Além das rochas, o desvio do Ribeirão Três Bocas criou algumas cascatas que também deixaram o parque bastante atrativo, mas seria preciso criar uma estrutura para garantir a segurança de quem visita o local, com contenções do barranco.
Além disso, o mirante e a represa ficaram isolados, não permitindo que os visitantes acessem como era feito antes. "Continua bonito, mas não é como antigamente. Eu preferia como era antes", declara Marlene. A gerente de áreas verdes da Sema destaca que a pasta ainda estuda se é melhor reconstruir o Parque Daisaku Ikeda tal qual ele era antes, ou se é mais viável manter como está.