Imagens das escolas Carlos Kraemer e Hikoma Udihara na Zona Norte de Londrina



A secretária municipal de Educação, Maria Tereza Paschoal de Moraes, reconhece os problemas enfrentados por cada uma das escolas em Londrina. No total, são 18 instituições com todos ou parte dos prédios em madeira, sendo 13 na zona urbana e cinco na zona rural de Londrina, incluindo os assentamentos Eli Vive 1 e 2, no distrito de Lerroville (zona sul). Mas a solução dos problemas, diz a secretária, esbarra na falta de recursos. "Seriam necessários R$ 35,790 milhões para reformar todas elas", calcula Moraes.

As obras de reconstrução da Escola Municipal Carlos Kraemer (zona leste), por exemplo, estão orçadas em R$ 5,763 milhões. Para adequar a estrutura da escola Hikoma Udihara (zona norte) seriam necessários em torno de R$ 1,7 milhão. "Temos todos os projetos, estamos trabalhando com isso, é uma prioridade para a secretaria, mas nossos recursos são escassos. Hoje, o orçamento é quase todo comprometido com a despesas de custeio e folha de pagamento, não tem sobras para investimento", reforçou a secretária.

Para 2017, adiantou ela, nenhuma das obras previstas deve ser iniciada. A expectativa é para 2018, se for aprovada a Planta Genérica de Valores, o que deve aumentar a arrecadação do município. "Estamos muito esperançosos para poder ter recursos, fazer investimentos e melhorar a estrutura das escolas. Só estamos fazendo reparos emergenciais."

Em alguns imóveis, disse a secretária, além dos problemas estruturais os terrenos não estão regularizados. Um deles é o da Carlos Kraemer. Na área onde foi construída a escola deveria ter uma praça. A irregularidade dificulta a captação de recursos externos, como do Ministério da Educação e Cultura. "A Secretaria Municipal de Governo elaborou um projeto que será encaminhado à Câmara Municipal para desembaraçar a questão e viabilizar esses recursos", explicou Moraes.

Atualmente, os reparos são feitos com pessoal próprio da Gerência de Manutenção Escolar, mas o setor, segundo a secretária, não tem profissionais em número suficiente para atender a demanda, então foi contratada uma empresa terceirizada com 40 funcionários que atendem as 120 escolas e centros municipais de educação infantil. "Essa empresa é responsável pelas reformas importantes", disse. A validade do contrato é de um ano e a prefeitura desembolsa R$ 250 mil mensais para manter o serviço terceirizado.

Problemas também na Hikoma Udihara

Escola localizada na vila Isabel: só consertos emergenciais
Escola localizada na vila Isabel: só consertos emergenciais | Foto: Saulo Ohara


Muitos problemas encontrados na Carlos Kraemer se repetem na Escola Municipal Hikoma Udihara, localizada na vila Isabel (zona norte de Londrina). A construção, de 1975, também está infestada por cupins, as paredes estão se afastando do piso e há rachaduras e infiltrações em algumas paredes feitas em alvenaria. Na instituição estudam 500 crianças e segundo a diretora, Lucelene Pize, a manutenção só é feita quando "é inevitável".

"O muro que caiu foi refeito com recursos da APM (Associação de Pais e Mestres) que conseguimos fazendo promoções e bazares e com a contribuição voluntária dos pais. Assim também foram feitas a pintura e a troca do piso na escada. Também contamos com a ajuda de pais, que oferecem a mão de obra. Estou há 17 anos na direção. Nesse período, só foram feitos consertos emergenciais", contou a diretora, que também já foi aluna da instituição.

As salas de aula têm goteiras, cupins se alojam na estrutura de madeira, há buracos nas paredes e a sala de contraturno funciona de forma improvisada no corredor de acesso ao banheiro para portadores de deficiência. "Existe um projeto. Eu já vi a planta. Ele prevê a demolição de toda a estrutura em madeira e a reconstrução em alvenaria, com dois andares. Em 2011 foi publicado no Diário Oficial do Município que a obra seria feita em 2013, mas até hoje não saiu", disse Pize.

"Aqui a fiação é antiga, se ligar muita coisa ao mesmo tempo, a energia cai. Também tem muito cupim. Estou aqui há 25 anos. Quando entrei, já diziam que iriam reformar a escola. Me aposento neste ano e acho que não vou ver essa reforma", disse a professora do 5º ano, Marta da Silva Bevilacqua. (S.S.)

Sem estudo para preservar as edificações

Do ponto de vista histórico, não há nenhum projeto ou estudo na Prefeitura de Londrina para preservar as edificações de madeira que abrigam escolas municipais. "A gente ainda não tem uma ação para trabalhar na estruturação de uma série de processos de tombamento. Nosso número de funcionários é muito pequeno", disse a diretora de Patrimônio Histórico e Cultural de Londrina, Solange Batigliana.

A exceção na Diretoria de Patrimônio é o prédio onde funciona a Escola Municipal Padre Anchieta, no patrimônio Heimtal (zona norte), que deve ser tombado. A então Escola Alemã foi inaugurada em 1931, três anos antes da fundação de Londrina. Em 1945, a instituição foi transformada em escola municipal e o nome foi alterado para Padre Anchieta. Em julho deste ano a escola completa 86 anos de atividade. A estrutura foi ampliada. A parte mais nova foi feita em alvenaria, mas as duas salas originais em madeira, construídas no início da década de 1930, foram mantidas. "Tem várias construções no Heimtal que precisam ser preservadas. Essa ação no Heimtal é interna ainda da Diretoria de Patrimônio com o Compac (Conselho Municipal do Patrimônio Cultural)", destacou Batigliana.