Suelan Rodrigues Petrini, diretora da Escola Municipal Carlos Kraemer: edificação foi inaugurada na década de 1970
Suelan Rodrigues Petrini, diretora da Escola Municipal Carlos Kraemer: edificação foi inaugurada na década de 1970 | Foto: Saulo Ohara


As madeiras que formam as paredes, o chão e o telhado de algumas escolas municipais de Londrina não servem apenas para sustentar a estrutura das construções. Com a união de cada tábua o município ajudou a erguer os alicerces da educação de muitos londrinenses, mas ao longo dos anos a falta de manutenção vai aos poucos levando embora não apenas a estrutura, mas boa parte da história do ensino na cidade. Entre as 18 instituições construídas total ou parcialmente em madeira, é difícil encontrar uma que não esteja com problemas. Goteiras, cupins, comprometimento nas instalações elétrica e hidráulica e muito improviso fazem parte do dia a dia de alunos, professores e funcionários.

É assim na Escola Municipal Carlos Kraemer, no jardim Castelo (zona leste). Inaugurada na década de 1970, a edificação hoje sofre com o descuido do município com a manutenção. Irene Dias do Carmo mora há "muitas décadas" no bairro, bem próximo à escola. Ela acompanhou toda a obra de construção, três dos seus quatros filhos foram alunos da instituição, além de dois netos, e lá ela trabalha como zeladora há 30 anos. "Vi essa escola bem cuidada. Era uma beleza, era linda. Hoje está assim, toda descuidada", lamenta. "As administrações foram deixando, não se preocuparam. E não é só aqui. Há muitas outras escolas em Londrina que estão desse jeito."

A professora Solange do Carmo Lustri também se lembra da escola em todo o seu esplendor. Ela cursou os quatro primeiros anos do ensino fundamental na instituição, já na faculdade voltou como estagiária e há 25 anos leciona na Carlos Kraemer. "Sinto tristeza em ver como está a escola. Não teve investimento, só foram retirando, não recolocaram nada. Aquele espaço que eu conheci, lá na década de 1970, ficou só no imaginário. Hoje está tudo desorganizado. E a desorganização, assim como a organização, também é referencial para o aluno", lamenta.

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Imagem ilustrativa da imagem HISTÓRIA DO ENSINO - Corroídas pelo abandono




A diretora, Suelan Rodrigues Petrini, ressalta que do ponto de vista de recursos humanos a escola não tem problemas. A equipe pedagógica, afirma ela, é o maior diferencial da instituição. Mas em relação à estrutura física, diz a diretora, a escola deixa muito a desejar. "Em 2017, onde a tecnologia e os meios de comunicação são tão rápidos, tirando o computador, todo o resto aqui é muito antigo."

Basta uma volta rápida pela escola para que os problemas fiquem evidentes. Em muitos pontos, as paredes estão se distanciando do piso. Isso aconteceu na sala da diretoria, que há mais de dois anos está interditada por risco de desabamento. "A escola está em pé porque foi feita com material de primeira, numa época em que o investimento era real. As paredes, que são de madeira nobre, estão boas, mas toda a madeira que não é de lei está infestada por cupins", aponta Petrini, mostrando as esquadrias das janelas, que se desmancham com facilidade, e parte do beiral, que está caindo. "Será que esse telhado está seguro?", preocupa-se.

"O nosso arquivo morto, a sala de material pedagógico e a sala dos professores ficam no porão, improvisados, o salão nobre, no andar de cima, que era utilizado pela Secretaria Municipal de Educação para reuniões e que tem capacidade para 150 pessoas, está desativado por problemas na estrutura. Sob o salão nobre fica o refeitório, onde há rachaduras nas paredes de alvenaria, e não conseguimos acabar com as ratazanas, que fazem ninhos sob o assoalho", elenca a diretora.

A Escola Carlos Kraemer tem um prédio de alvenaria, construído em 1971. Três anos depois, foram erguidas as salas em madeira, que formam a maior parte da estrutura escolar. Petrini está na direção da instituição há dez anos e conta que nesse período nunca foi feita nenhuma reforma. "A última reforma foi feita em 2004. Depois, fizeram apenas maquiagens. Mas aqui não adianta reformar, precisa reconstruir." Na escola estão matriculadas atualmente 560 alunos do P5 ao 5º ano do ensino fundamental.

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