Ser aceito em uma universidade americana não é algo fácil. Além do desempenho acadêmico, leva-se em consideração também a dedicação aos esportes e ao trabalho voluntário, entre outros fatores. Depois de 17 anos vivendo no Brasil, Connor McMahan foi aceito no Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT), nos Estados Unidos, no curso de Engenharia Mecânica.
O jovem americano diz que veio ainda bem pequeno para o Brasil e que Londrina foi onde recebeu toda sua formação acadêmica. "Quis prestar o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), mas não pude porque não sou cidadão brasileiro. Acabei não prestando vestibulares porque me animei com as oportunidades que teria aqui nos Estados Unidos e sabia que minha família provavelmente voltaria aos Estados Unidos quando eu terminasse o terceiro colegial. Eu queria estar mais próximo a eles", explica o jovem, que está há um ano estudando nos EUA.
Para ter mais chances de ser aceito, Connor conta que, além do conteúdo curricular, precisou estudar cálculo diferencial e integral com a ajuda de seus professores. "Faculdades americanas também avaliam a participação em atividades extracurriculares, então fiz coisas que me interessavam: esportes, música, trabalho voluntário, tive empregos durante os verões, participei de olimpíadas acadêmicas. Fiz muitas redações em inglês em preparação para o SAT, uma prova que muitas universidades americanas requerem", ressalta.
Ele diz que com exceção da disciplina de Cálculo, não sentiu mais dificuldades que seus colegas de turma e que o rigor acadêmico do curso é muito maior do que o do Ensino Médio, independente de onde tenha sido feito o curso. Ele também conta que tem amigos brasileiros no MIT e que 10% dos alunos são de fora dos Estados Unidos.
A mãe de Connor, Michelle McMahan, afirma que um ponto interessante é a diversidade cultural dos alunos e professores do MIT, além do cuidado que a universidade tem com seus alunos. "Logo que chegou, ele foi designado a dois mentores, um formado há cinco anos e outro formado há 50. Esse segundo professor mantém um diálogo frequente com Connor. Ele pergunta sobre sua adaptação, acompanha as notas, a escolha das matérias, estágios, com toda a pessoalidade de um avô. Outro exemplo desse cuidado está na maneira como os ex-alunos e empresas contribuem para manter o patrimônio da escola. Além dos investimentos em pesquisa, querem assegurar que qualquer aluno qualificado a entrar na escola possa frequentá-la, independente de sua condição financeira."
Michelle também destaca toda a ajuda que o filho recebeu em sua formação, ajudando em sua aprovação. Com ainda três anos de curso pela frente, Connor ainda não sabe se voltará ao Brasil depois de formado. "Me sinto brasileiro, apesar de não ser cidadão, afinal, morei 17 anos aí e apenas dois nos Estados Unidos. Mas ainda tenho algum tempo para decidir."

Dedicação
Miguel Afonso Vargas, diretor do Colégio Ateneu, onde Connor cursou o Ensino Médio, afirma que o garoto sempre foi um ótimo aluno e se comportava de forma normal. "Ele não corresponde àquela ideia que temos de garotos 'nerds'. Ele participava de todos os eventos do colégio, tinha muitos amigos, jogava bola. Não era alguém que ficava o tempo todo só estudando", conta.
Segundo o diretor, o fato de Connor ter decidido desde o início ir para uma universidade americana facilitou sua aprovação. "É preciso uma preparação para atender aos requisitos de lá e pudemos acompanhá-lo em alguns conteúdos que não são dados aqui. De toda forma, temos que ressaltar que o mérito é exclusivo dele, que se dedicou bastante, tanto que foi aprovado em mais de uma universidade."
Vargas ressalta que existe uma classificação internacional das universidades, que leva em consideração vários aspectos. "As melhores oferecem uma formação mais completa. É claro que se você puder se formar em uma dessas será melhor, mas precisamos lembrar que existem universidades e universidades e alunos e alunos", afirma.