A rodovia é bem sinalizada, mas as placas não são suficientes para conscientizar os condutores
A rodovia é bem sinalizada, mas as placas não são suficientes para conscientizar os condutores | Foto: Fotos: Saulo Ohara


Desde a liberação das obras de duplicação do trecho urbano da rodovia Celso Garcia Cid, a PR-445, há um mês, o excesso de velocidade dos veículos tem sido um problema para condutores e pedestres. O limite máximo permitido é de 80 km/h, mas não é raro flagrar motoristas trafegando acima dos 120 km/h. A PRE (Polícia Rodoviária Estadual) afirma realizar com frequência as operações radar e espera que as multas aplicadas sirvam de motivação para que os motoristas reduzam a velocidade, mas por enquanto os efeitos dos autos de infração ainda são pequenos.



A casa do vigilante Luis Carlos Rosa fica na marginal da rodovia, no conjunto das Flores (zona sul), e o excesso de velocidade tornou-se um incômodo para ele e para todos os outros moradores da região. "Os carros passam por aqui correndo muito tanto na pista quanto na marginal", diz. "A velocidade está demais. Está complicado. Na pista deveriam colocar um radar e aqui na marginal precisaria de um quebra-molas ou um redutor de velocidade. Do jeito que está não dá para ficar", protesta.

O trecho entre o viaduto da avenida Dez de Dezembro e o viaduto da avenida Waldemar Spranger foi o último a ser liberado para o tráfego de veículos, no final de maio. Desde então, a PRE contabiliza três mil autuações por excesso de velocidade na rodovia. "É um número muito alto", atesta o sargento Adalberto Alves da Silva. "Em um único dia, um feriado, o policial responsável pela operação radar fez mais de 300 autuações. Quando a pista está em boa situação, dá a impressão ao condutor de que ele pode trafegar com velocidade superior. A pista de boa qualidade induz o motorista imprudente a dirigir acima da velocidade", avalia o sargento.

Os limites de velocidade permitidos em toda a extensão da PR-445 variam, mas não ultrapassam os 80 km/h. A rodovia é bem sinalizada, mas as placas não são suficientes para conscientizar os condutores. "O limite é de 80 km/h? É muito baixo. Aqui daria para andar a 140, 150 km/h. Eu mesmo já andei. É uma pista reta", disse Sergio Maia, proprietário de uma borracharia localizada às margens da rodovia.

O valor da multa para os motoristas flagrados trafegando acima da velocidade permitida varia entre R$ 130 e R$ 880. O valor mínimo é aplicado a condutores que circulam a uma velocidade até 20% acima do limite estabelecido e o máximo, para aqueles que ultrapassaram 50% do limite. Para estes, a lei ainda prevê a suspensão da habilitação.

Segundo o sargento Alves, desde que as obras de duplicação foram concluídas, a PRE tem feito o patrulhamento rotineiro na PR-445. A ênfase da operação radar, afirmou o policial, é a rodovia Celso Garcia Cid, e ela é realizada diariamente em três pontos onde a ação é permitida conforme os critérios previstos na regulamentação de trânsito: próximo ao Hotel Londri Star; em frente à Faculdade Pitágoras; e em frente ao Centro de Distribuição dos Correios, no Jardim Columbia (zona oeste).

A PRE aguarda a instalação de placas de sinalização para que a operação possa acontecer também em frente ao Corpo de Bombeiros. "Quando colocamos o policial exaustivamente em um determinado local, a velocidade diminui. Fazemos a autuação paulatinamente e o motorista começa a sentir no bolso e reduz a velocidade. A gente já percebeu em ações anteriores que o resultado é positivo. A nossa expectativa é que as infrações diminuam na PR-445", comentou. "O DER (Departamento de Estradas de Rodagem) também está fazendo estudos para implantar outro método de controle de velocidade na rodovia, mas aí quem vai discutir é o pessoal do departamento", destacou o sargento.

Projeto previa construção de duas passagens


Pedestres se arriscam atravessando a pista, ao invés de usar a passarela
Pedestres se arriscam atravessando a pista, ao invés de usar a passarela



Se o excesso de velocidade é um risco para os condutores que trafegam pela PR-445, para os pedestres é ainda mais perigoso. O projeto de duplicação da rodovia previa a instalação de duas passarelas que deveriam ter sido concluídas em setembro de 2016, mas até hoje, nem sinal delas. Mas mesmo nos trechos onde há passarelas, muitos pedestres preferem arriscar a vida atravessando a pista.
"Dificilmente eu uso a passarela. Moro no parque Ouro Branco e trabalho aqui do outro lado (jardim Tarobá). Prefiro passar pela pista porque na passarela os riscos são maiores. Tenho medo de assalto e de estupro. A passarela não é nada segura", disse Daiane Aparecida dos Santos. "Mas dá medo passar pela pista. Às vezes, quando passa um caminhão, eu sento na mureta (que separa as duas pistas) porque senão o vento que faz me joga longe. Fora da passarela a gente corre um risco muito grande", reconhece ela.
O capelão carcerário Moisés Salles é morador antigo do jardim Tarobá (zona sul) e vem acompanhando a evolução do problema desde o início. Para ele, a solução mais eficaz seria a instalação de lombadas eletrônicas ou semáforos com botoeira para pedestres, além de radares fixos. "A velocidade dos veículos está muito alta e por aqui passam crianças, idosos. Todos precisam atravessar a rodovia. A qualquer hora vai acontecer um acidente", alertou.

NAS PRÓXIMAS SEMANAS
Por meio de nota encaminhada pela assessoria de imprensa, a Secretaria Regional Norte do DER informou que trabalha em conjunto com a PRE para coibir o excesso de velocidade na PR-445, mas que não há previsão, "nas próximas semanas", para utilização de outros meios de controle de velocidade.
Sobre a instalação das passarelas, o órgão afirmou que três estruturas devem ser construídas, uma em Cambé (Região Metropolitana de Londrina), e as outras duas em Londrina, próximo ao Iapar (Instituto Agronômico do Paraná) e ao Terminal Acapulco (zona sul). Os projetos, informou o DER, estão em fase de licitação da execução e a instalação das passarelas deve começar em setembro deste ano. (S.S.)