O excesso de velocidade está entre as principais causas de morte no trânsito em Londrina. De janeiro a outubro, 20 pessoas morreram atropeladas nas ruas da cidade, segundo dados do Placar do Trânsito da CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização). Algumas vias já foram identificadas como pontos críticos e para tentar reduzir a velocidade do tráfego e o número de acidentes nestes locais, o município decidiu intensificar a fiscalização com radares móveis. A medida começou a ser adotada na tarde desta terça-feira (21).

Imagem ilustrativa da imagem CMTU inicia fiscalização com radares móveis em oito avenidas; saiba quais
| Foto: Roberto Custódio



O reforço na fiscalização está previsto para acontecer nas avenidas Saul Elkind, Leste-Oeste, Arthur Thomas, Henrique Mansano, Robert Koch, Inglaterra, Madre Leônia Milito e rodovia Mábio Gonçalves Palhano. Nestas vias, segundo a CMTU, a sinalização preventiva foi considerada insuficiente para conter o abuso de velocidade.

Dados da CMTU apontam que o excesso de velocidade é a principal infração cometida pelos londrinenses e entre janeiro e outubro de 2017, foram contabilizados 54.816 casos de motoristas que foram flagrados trafegando com velocidade 20% acima do limite máximo permitido para circulação na via.

Nesta terça-feira, agentes da CMTU testavam os equipamentos na avenida Saul Elkind (zona norte), entre os conjuntos João Paz e Luiz de Sá. Mas nos testes, o trecho onde estavam os agentes de trânsito foram sinalizados com cones. "Acho certa a decisão de usar os radares móveis, mas sem os cones porque os motoristas veem os cones e já diminuem a velocidade, aí não vão conseguir multar ninguém. Sem os agentes de trânsito aqui, o pessoal passa a 120 km/h. A passagem de pedestres ninguém respeita e o risco de uma atropelamento é grande", disse o comerciante Martinho Rodrigues, que é proprietário de um auto center na avenida Saul Elkind e contabiliza o número de mortos em acidentes no trecho próximo ao seu estabelecimento. "Nos últimos quatro ou cinco anos, foram 14 motociclistas mortos e sete motoristas."

Agentes da CMTU testam o equipamento na avenida Saul Elkind
Agentes da CMTU testam o equipamento na avenida Saul Elkind | Foto: Roberto Custódio



"Tem que multa mesmo, mas não com radar móvel porque isso não funciona. Tem que ser aqueles radares que pegam o excesso de velocidade por trás. Esse tipo aí os motoristas veem antes de serem multados. Quem corre muito é motoqueiro, que não tem limites", disse o motorista Eurides Ruiz dos Santos.

Na tarde de terça-feira, a fiscalização começou efetivamente na avenida Saul Elkind, mas os cones continuaram sinalizando a presença dos agentes. "Os cones devem ser colocados justamente para que os motoristas não digam que estamos escondidos, arrecadando o dinheiro das multas. Nosso interesse não é a multa pela multa, mas resgatar o senso de responsabilidade nas pessoas", explicou o diretor de Trânsito da CMTU, Hemerson Pacheco.

Nas vias onde será feito o monitoramento por radar móvel, há placas indicando o limite de velocidade e a presença de fiscalização, mas não a fiscalização eletrônica e Pacheco informou que ainda será feita a pintura no asfalto do limite de velocidade, que não é uma previsão legal, mas a CMTU decidiu fazer para alertar ainda mais os motoristas. "Não há indicativo de fiscalização eletrônica porque não é fiscalização eletrônica", destacou o diretor de Trânsito.

A CMTU tem quatro equipamentos e todos eles serão utilizados simultaneamente em operações na cidade e as equipes irão se revezar entre os pontos elencados. "O radar tem um trabalho efetivo em torno de uma hora porque com a ajuda da tecnologia, os motoristas começam a informar os outros motoristas. Vamos fazer de forma esparsa na cidade para mostrar que estamos em vários lugares ao mesmo tempo, principalmente em pontos mais críticos", afirmou Pacheco.

LIMITE
Na avenida Henrique Mansano (zona norte), a principal queixa dos motoristas é sobre o limite de velocidade estabelecido. Por ser uma via arterial, o Código Brasileiro de Trânsito prevê o limite de 60 km/h, mas a CMTU optou por baixar esse limite, fixado em 50 km/h. "O pessoal não respeita o limite porque é muito baixo. Se colocar 60 km/h, vai respeitar, não precisa ter radar aqui", defendeu o autônomo Geraldo Geraldino.

Para o funcionários público José Bonfim, no entanto, alguma medida precisa ser adotada com urgência para conter a velocidade dos veículos na via e garantir a segurança de todos, principalmente dos pedestres. "O trânsito aqui é muito complicado, principalmente das 6 às 8 horas e depois das 18 horas. Precisa de sinaleiro para facilitar a travessia de pedestres ou de faixas elevadas. Ninguém respeita o limite de velocidade."

De acordo com Pacheco, o Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina) estuda a viabilidade de implementar uma faixa elevada na avenida Henrique Mansano e há previsão de instalação de radares fixos no local, mas antes de uma resposta do instituto ou da contratação do serviço de monitoramento eletrônico, a companhia decidiu incluir a avenida na rota de fiscalização por radares móveis. "Quem pede o aumento da velocidade é sempre quem dirige, nunca os pedestres. A nossa preocupação não é a questão do veículo, mas da vida. Não tem como aumentar o limite de velocidade naquele local. Estudos demonstram que a 50 km/h é possível dar mobilidade aos motoristas e segurança aos pedestres", ressaltou Pacheco.

FIXOS
Atualmente, Londrina tem 18 pontos cobertos por radares fixos. Pelo serviço, o município desembolsa R$ 70 mil mensais e a expectativa do diretor de Trânsito da CMTU é conseguir instalar mais 20 radares fixos em 2018. "O número de radares fixos hoje na cidade deveria ser pelo menos o triplo do que eu tenho", disse Pacheco. Quando os novos equipamentos forem instalados, adiantou ele, todas as oito vias elencadas para as operações com radar móvel deverão ter a fiscalização eletrônica. "A instalação de novos radares depende das saúde econômica da empresa porque você aluga o radar e depende do valor mínimo que a gente vai conseguir para essa contratação."