No painel Covid-19 da Prefeitura de Londrina, um ponto cinza contornado pelas cores vermelhas indica que a localidade, comparada aos bairros vizinhos, registra um número menor de confirmações do novo coronavírus. O ponto cinza, no caso, é o Patrimônio Heimtal, na região norte da cidade, que no painel, nesta terça-feira (8), aparecia com seis casos da doença. A cor cinza revela uma incidência menor de 30 casos. O número é baixo considerando que no Vivi Xavier sobe para 261, no Parigot de Souza vai para 281 e o Cinco Conjuntos tem 345 casos confirmados.

Imagem ilustrativa da imagem Casos de coronavírus não mudam rotina no patrimônio Heimtal
| Foto: Micaela Orikasa - Grupo Folha

Porém, comparado com o entorno, o Heimtal tem um número de habitantes muito menor também. De acordo com o Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2010, são 673 moradores. O Parigot de Souza, por exemplo, abriga cerca de 25 mil pessoas.

A FOLHA esteve no patrimônio, que apesar dessa denominação é praticamente um bairro urbano, que fica no extremo norte da cidade. Algumas pessoas estavam sem a máscara de contenção. “Acho que ninguém está acreditando muito na doença. Vejo muita gente andando sem máscara e também percebo que muitos falam que o coronavírus é tudo politicagem. Eu tenho medo”, desabafa Valéria Adriana da Silva Pires.

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| Foto: Micaela Orikasa/Grupo Folha

Ela e os filhos moram no Heimtal há mais de 15 anos e, por conta da pandemia, Pires que trabalhava com decoração de festas e buffet, teve que se reinventar. Agora, vende salgados e pasteis na avenida Ludwig Ernest. O movimento, segundo ela, “varia de um dia para outro, mas no final está dando para pagar as contas principais.”

A dona de casa Lucimara Vilas Boas acredita que pode existir um sentimento maior de proteção entre os moradores, pelo fato de estarem mais afastados do centro. No entanto, ela lembra que o bairro é habitado por muitas pessoas acima de 60 anos.

“E essas pessoas estão saindo de casa para resolver o que precisam nas ruas e são locais de movimento, como bancos, supermercados, farmácias. Eu estou muito preocupada porque eu sou do grupo de risco. Apesar de ficar um pouco deprimida por ter que ficar ao máximo em casa, eu levo a doença a sério. Não é porque estamos um pouco mais afastados é que não corremos o risco. A doença está em todos os lugares”, afirma.

A comerciante Silvia Helena Brito abriu as portas da loja de materiais de construção há 30 dias e acredita que a "cara" do bairro mudou nos últimos meses por conta da pandemia. “Antes a gente via muita gente sentada do lado de fora de casa e hoje eu já não vejo mais. Acho que tem gente tomando cuidado sim”, afirma.

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CENÁRIO RURAL

Entretanto, Brito observa que o cenário de zona rural também vem se perdendo nos últimos anos. “Estamos com muitas construções em volta, as ruas estão todas asfaltadas e aumentou muito o movimento na avenida. Além disso, as pessoas estão se mudando para cá. O bairro todo está mudando e não sei se é por causa só da doença”, diz.

No boletim divulgado na segunda-feira (7), Londrina estava com 855 casos ativos da doença e somava 7.050 casos positivos desde o início da pandemia. Do total de pessoas em período de transmissão do vírus (casos ativos), 760 estão em isolamento domiciliar e outras 97 estão internadas. Ao todo, 192 pessoas morreram em decorrência do novo coronavírus em Londrina.