O presidente da Câmara de Vereadores de Goioerê (72 km a oeste de Campo Mourão), Antônio Bernardino Sena (PMDB), baixou esta semana portaria dando férias coletivas aos 14 funcionários do Legislativo. O motivo é a falta de salários. A prefeitura, que também está em férias desde dezembro, não repassa o duodécimo da Câmara há seis meses. Resultado: os servidores do Legislativo estão com sete folhas de pagamento em atraso e nem os vereadores receberam no último semestre.
‘‘A situação dos nossos funcionários é terrível’’, lamenta Sena. Há cerca de um mês o presidente entrou com um mandado de segurança pedindo o pagamento dos duodécimos, mas ainda não obteve resposta. Agora, Sena estuda um pedido de intervenção na prefeitura. ‘‘Isso precisa da maioria dos vereadores, que apóia o prefeito’’. Outra saída em estudo é pedir a intervenção diretamente na Procuradoria de Justiça do Estado.
Por mês, a Câmara tem direito a receber cerca de R$ 50 mil. ‘‘Precisamos de pelo menos R$ 100 mil para amenizar a situação dos funcionários’’, diz Sena. A Câmara também corre o risco de ter cortados os fornecimentos de água e luz. ‘‘Pedimos paciência à Sanepar e à Copel’’. Como o dinheiro não foi liberado nos últimos seis meses, os servidores entraram em greve em dezembro. Em frente à prefeitura, uma faixa diz que os funcionários passaram o ‘‘Natal da fome’’.
Com a Câmara fechada há mais de um mês, não foi possível votar o orçamento do Município. A prefeitura tentou pedir sessões extraodinárias, mas não havia funcionário para protocolar o pedido. ‘‘Também não temos como trabalhar sem os funcionários’’, salienta Sena. Ele acusa o prefeito Vicente Okamoto (PSDB) de perseguição porque só em 97 foram feitas quatro tentativas de aberturas de CPIs contra a prefeitura, mas nenhuma foi aprovada.
A prefeitura nega a perseguição. Okamoto culpa a queda da arrecadação e admite apenas que errou ao ‘‘gastar demais’’ no início do ano. A situação na prefeitura não é diferente da Câmara. Os funcionários estão com quatro meses de salários atrasados (sem contar as folhas deixadas pelo ex-prefeito) e chegaram a ficar em greve, mas desistiram do movimento quando Okamoto ameaçou demitir os grevistas.