Curitiba - Visitar o apartamento do professor Ario Taborda Dergint é vivenciar uma aula de história contada por meio de móveis e objetos. Uma viagem pela arte em seus diferentes estilos e séculos. Tudo cuidadosamente ordenado e conservado por ele e pela esposa, Ligia Maria Amaral Dergint.
Como acontece com muitos colecionadores de antiguidades, o primeiro objeto que o professor aposentado do curso de Economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) levou para a sala de sua casa foi uma peça de família. Um relógio que pertenceu à avó paterna. O objeto foi a semente de uma grande paixão. Dergint ama cada móvel, utensílio e quadro de sua coleção, reunidos em quatro décadas.
"Eu sempre gostei de artes", conta o professor, que também foi coordenador do curso de Economia, pró-reitor da UFPR, coordenador de Planejamento do Estado do Paraná, cargo que equivale hoje a Secretário Estadual de Planejamento. As várias atividades que desempenhou não o impediram de se dedicar ao estudo das antiguidades. Quando se aposentou, achou que teria mais tempo. Porém, a coleção continua compartilhada com a função de pai de cinco filhos, avô e outras atividades como membro do Conselho Regional de Economia do Paraná (Corecon) e da Academia Paranaense de Letras.
Após conhecer a coleção de Dergint, o visitante tem vontade de entrar no primeiro antiquário e comprar alguma coisa. No apartamento do casal, os móveis e peças de decoração dos séculos 17 a 20 estão dispostas em vários cômodos. Há bronze, prata, porcelana, madeira e outros materiais. Uma peça de sua coleção foi emprestado para a exposição "Brasil 500 anos".

Imagem ilustrativa da imagem Móveis e objetos que contam histórias
| Foto: Theo Marques
Professor Ario e a esposa Ligia Maria não escondem a paixão pelos móveis e objetos antigos; no apartamento a belíssima coleção é cuidadosamente ordenada e conservada por eles




"As pessoas chegam aqui e dizem que a sala é calma, apesar de tanta coisa antiga", comenta o professor, que dá uma dica para evitar que o ambiente fique "pesado": "Primeiro, tem que ter uma ordem, um ordenamento. Aqui estão peças de bronze chinesa e japonesa", afirma, enquanto aponta uma mesa de centro. Depois, mostra uma cristaleira (com mais de 100 anos, obviamente) e explica que o móvel guarda porcelanas. Em outra mesa está a prataria. "Você tem que agrupar os semelhantes, para não ficar nervoso. Eu criei uma tese de que existe uma gravitação estética", afirma. Assim, além de juntar os materiais iguais, ele os expõe de diferentes maneiras. Algumas peças, em disposição piramidal (os mais altos no centro). Em outro grupo, os objetos maiores ficam atrás e os menores na frente. "Deve existir uma composição. Harmonizar é o segredo", ensina o professor.
No hall de entrada do apartamento, a primeira imagem é a de um grande quadro de Jesus, herdado da família do avô paterno. O próprio czar da Rússia mandou que um pintor da Corte fizesse o retrato igual a um quadro que existia em seu palácio (mudando apenas a cor do manto de Cristo) para presentear um amigo. Logo abaixo da tela, um pequeno tesouro comprado em um antiquário de Minas Gerais: um baú de madeira, com três cadeados diferentes, provavelmente do século 18.

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Os ícones russos têm lugar privilegiado na coleção
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Decorar com peças de antiquários pede harmonização