Em 1929, em Recife, Amadeu Coimbra, August Boeckmann e Antonio de Góes criaram peças compostas por tramas abertas em fendas, similares aos tijolos vazados, feitas em argamassa e cimento. Para tal criação, deram o nome de cobogó, uma junção dos sobrenomes do trio.

De lá para cá, a invenção ganhou novas formas e materiais, tornando-se versátil na decoração de ambientes. O elemento vazado ganhou as graças de Oscar Niemeyer, que usou cobogós em vários dos seus projetos espalhados pelo mundo.

"Os cobogós, de origem antiga, são usados na decoração de uma forma ampla. Podem estar em fachadas, interiores e áreas externas da casa como jardins e varandas. As vantagens de utilizá-los é que, por serem furadinhos, permitem a entrada de luz e a troca de ar, deixando o espaço mais iluminado e arejado", diz a arquiteta curitibana Daniela Barranco Omairi.

Podendo compor vários ambientes, desde que sejam aplicados juntamente com o estilo de decoração, os cobogós, segundo Daniela, são atemporais e suas técnicas vêm sendo aperfeiçoadas com o tempo. "Eles já conquistaram a decoração, sendo recursos utilizados tanto para residências quanto para o comércio", completa.

Além de ótimas opções de divisórias, os cobogós também podem ter papel de elemento decorativo. Há quadros, porta controles, apoio para livros na estante, entre outras criatividades.

"Tudo depende do gosto e necessidade do cliente. Se ele quiser utilizar como separação de espaços, ou apenas como detalhe na decoração é possível. O importante é deixar o ambiente harmônico e diferenciado", comenta a arquiteta.

Segundo Daniela, na hora de optar por cobogós no projeto é importante identificar o estilo da decoração, para que estes elementos não fiquem destoados. Para isso, ela explica que cada ambiente requer necessidades que devem ser atendidas, como, por exemplo, se a ideia é que os cobogós sejam elementos decorativos não são necessários usá-los como divisão de espaços nas paredes.

"Outro detalhe importante é a ausência de vedação acústica e temperatura, por isso se a intenção é ter ambiente privativo os cobogós podem não atender por completo às necessidades. Para evitar erros, não os misturem tanto nas paredes quanto nos elementos, pois isso pode deixar o ambiente carregado demais, deixando a decoração exagerada", ensina.

Feitos em sua grande maioria de cimento, madeira, tijolos e plástico, em formas geométricas, desenhos abstratos ou personagens, eles podem ser neutros ou coloridos. O importante, ressalta Daniela, é saber combinar o tom escolhido com o restante da decoração.

"Se a ideia é ressaltá-los pode-se usar tons fortes como vermelho, laranja, amarelo. Agora se a intenção é deixá-los como segundo plano, então tons neutros como branco e bege são ideais", indica.

Imagem ilustrativa da imagem CAPA - O CHARME DOS COBOGÓS
| Foto: Gerson Lima e Divulgação
Na proposta da arquiteta Luiza Bohrer, o cobogó em madeira reveste o espelho da sala, reforçando a tendência de uma decoração composta harmonicamente entre o clássico e o moderno
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| Foto: Fotos: Saulo Ohara
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No projeto de uma kebaberia, em Curitiba, as arquitetas Daniela Barranco Omairi e Deisy Cruz aplicaram o cobogó como opção de separar ambientes. As peças de cerâmica vermelha, com moldura em madeira de demolição, integram a proposta de uma decoração cheia de cores e informações, que remetem às influências árabes e de outros povos mediterrâneos
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Para a CasaCor Minas 2013, a casa projetada por Oscar Niemeyer, que difundiu o uso do cobogó pelo mundo, a peça aparece na antiga área de serviço da casa, de aproximadamente 17m², transformada em uma sala pelas arquitetas Juliana Couri e Natacha Nascif, como elemento principal do espaço, permitindo a entrada de luz e ventilação naturais
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Na bilheteria da Casa Cor Minas, o cobogó foi a principal aposta do arquiteto Junior Piacesi, exatamente por ser muito utilizado pelo poeta do concreto em alguns dos seus projetos, entre eles, o Edifício Eiffel em São Paulo, o Edifício JK em Belo Horizonte e a Biblioteca Nacional de Brasília. Para a Casa Cor Minas, sua função foi repaginada, a peça está em uma bancada, que à noite se transforma em uma grande luminária
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No Espaço Casa Cor Paraná 20 Anos - Lounge Simmetria - a arquiteta Elaine Zanon e a designer Claudia Machado abusaram do cobogó, também como uma releitura, ou melhor, uma proposta inovadora desse elemento que integra a cultura brasileira. O trabalho de confecção com corte a laser foi executado a partir de um desenho desenvolvido por Elaine e Claudia, em diferentes materiais
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Ainda na Casa Cor Paraná 2013, o cobogó foi destaque no Living São Paulo, projetado pelas designers de interiores Liliane Barreiros, Rosangela Pauli e Carla Armstrong, como opção para a entrada de luz e ventilação no ambiente, inserido em uma das paredes do ambiente. As profissionais reforçam a história do item, criado no Brasil na década de 20 e que agora retorna à arquitetura repaginado e moderno