Os riscos de não atender a um chamado de recall são grandes e os seus efeitos, muitas vezes, irreparáveis, ressalta Maria Inês Dolci, diretora institucional da Proteste, entidade ligada aos direitos do consumidor. "É questão de segurança. (Não atender ao chamamento) Pode causar acidentes graves, sérios danos familiares e perdas irreparáveis." Para Maria Inês, muitos consumidores não atendem aos chamados de recall por não verem importância no chamado, não terem acesso à informação ou pela demora na reposição da peça pelas oficinas das concessionárias.
"O chamado de recall, pelo próprio Código de Defesa do Consumidor, tem que ser amplo nos meios de comunicação que o consumidor tem mais acesso", explica Maria Inês. No entanto, ela também sugere que as próprias concessionárias convoquem seus clientes para o reparo. Além disso, alerta que as concessionárias precisam ter no estoque peças suficientes para reposição em caso de chamamento para recalls. Ela relata que são comuns casos em que os consumidores têm que esperar um longo período de tempo por uma peça a fim de fazerem o reparo de seus veículos.
Na opinião da diretora da Proteste, o Ministério da Justiça já efetua trabalho de acompanhamento de recalls das fabricantes de carros. O que é preciso é um aperfeiçoamento das ferramentas para melhorar esse trabalho. Na visão de Hélio Cardoso, do Ibape/SP, a convocação dos recalls também deveria ser mais efetiva que o anúncio na mídia. "O ideal era que cada um recebesse em sua casa uma carta. Mas a montadora não tem o controle de quem foi o último dono, e ela alega que o governo é que deveria ter esse controle." O Ministério da Justiça e Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) também foram procurados pela FOLHA para comentar o assunto, mas não deram retorno até o fechamento da edição.(M.F.C.)