Colisão em nome da segurança

O Toyota Corolla conseguiu as cinco estrelas do Latin NCAP | Foto: Fotos: Latin NCAP/Divulgação

O Latin NCAP (Programa de Avaliação de Veículos Novos para a América Latina e Caribe) qualificou com nota máxima o Volkswagen Polo e o Toyota Corolla no quesito proteção de ocupantes adultos e crianças. Recém-atualizado com sete airbags e ESC (controle eletrônico de estabilidade) de forma padrão, o Corolla conseguiu as cinco estrelas de acordo com os novos protocolos do Latin NCAP. O modelo foi auditado em diferentes versões e diversas plantas da Toyota.
O Polo, produzido no Brasil e recém-lançado, foi avaliado no impacto frontal, no impacto lateral e no impacto lateral de poste. Os airbags de cabeça-tórax apresentaram um rendimento robusto em ambos os impactos laterais. ESC cumpre com as condições do Latin NCAP. A respeito da segurança infantil, o Polo respeita a normativa i-size, oferecendo uma boa segurança em impactos para crianças, conta com ancoragens ISOFIX e interruptor para desligar o airbag do passageiro.
Os modelos testados pela Latin NCAP são definidos de acordo com a participação no mercado. "Podem ser modelos que têm um pico de vendas ou pode ser modelo lançado no mercado que tenha alguma particularidade. Simplesmente qualquer modelo que seja vendido em qualquer mercado da região pode ser escolhido para ser avaliado", explicou Alejandro Furas, secretário-geral do Latin NCAP.
O órgão avalia a versão mais básica em equipamentos de segurança secundários disponíveis em qualquer mercado. O teste analisa as lesões que um acidente pode provocar. São utilizados manequins semelhante aos seres humanos. São instalados sensores em diferentes partes do corpo do manequim para medir os efeitos do impacto.
A leitura desses sensores é comparada com uma estatística paramétrica de lesões em acidentes de trânsito coletada durante mais de 25 anos de investigação. "A partir daí, podemos definir a probabilidade de lesões graves ou menores e, assim, determinar o risco de vida. Para ajustar este resultado principal é feita uma inspeção técnica no carro batido. Adicionamos deformação do carro, consideramos elementos como ABS e ESC (se existir no modelo) e, finalmente, produzimos o resultado final das estrelas", explicou Furas.

Polo oferece boa segurança para crianças em caso de impacto

ATRASO
Quando o assunto é exigência de segurança, o secretário-geral afirma que o mercado brasileiro está atrasado pelo menos 20 anos em relação às regras europeias. Desde 1995, a Europa já exige o teste de batida lateral para entrar no mercado, o que ainda hoje o Brasil não exige. O ESC é obrigatório para todos os carros novos de 2014 e 2015, nos Estados Unidos e na Europa, respectivamente, e desde 2010 para novos modelos nessas regiões.
Um carro na Europa deve atender a mais de 70 normas técnicas referentes a segurança, emissões e outros aspectos para poder ser vendido. O Latin NCAP tem sugerido aos governos da América Latina que apliquem pelo menos seis padrões da ONU (Organização das Nações Unidas) para uma melhor segurança do carro: proteção contra impactos laterais, prevenção de impacto frontal, cintos de segurança, fixações de cintos e ISOFIX, proteção para pedestres e Controle Eletrônico de Estabilidade.
Mas o órgão pede que esses testes sejam aplicados com o mesmo requisito dos teste da ONU, e principalmente com a exigência de COP (Conformidade do Produto), que avalia a linha de produção desde o primeiro até o último dia da produção para verificar se são cumpridos os regulamentos. "O Brasil não tem um sistema COP ou o controle da conformidade da produção. O Polo, o Golf e o Corolla estão no nível de segurança da Europa. Outros como Mobi e Onix, por exemplo, têm claramente muito menos segurança", afirma Furas. Nos testes realizados este ano, o Mobi recebeu uma estrela e o Onix nenhuma.

MAIS SEGURANÇA
Segundo Furas, há uma tendência de implantação de novas plataformas para melhorar a segurança veicular, mas ainda estão fora do mercado brasileiro. "Alguns (montadoras) estão se preparando para oferecer segurança de classe mundial, como a Toyota e a VW. Mas o Latin NCAP continua vendo com preocupação que marcas globais ou fabricantes de automóveis continuam oferecendo 'carros emergentes' em nossa região em vez de oferecer veículos globais. Somos considerados pelos fabricantes como 'diferentes' de outras pessoas da Europa, Estados Unidos, Japão e Austrália", comenta.