Curitiba é capital pré-pronta para o turismo a nível internacional, tem bons serviços e infra-estrutura urbanística, diversidade étnica e equipamentos culturais de qualidade. Falta fortalecer política institucional e marketing, deficiências comuns ao resto do País


Nos meses de agosto e setembro, o Ministério do Turismo (MTur) retorna aos 65 municípios indutores do desenvolvimento do turismo no País, dentre eles Curitiba, avaliados num estudo de competitividade feito pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) que vai apontar ferramentas e políticas de gestão para o setor a níveis municipal, estadual e federal. O objetivo é repassar o diagnóstico de cada destino turístico, analisado em 500 diferentes questões, das condições de mercado a temas ambientais. As cidades selecionadas, segundo o ministério, estão bem colocadas no mapa brasileiro, servem como portões de entrada e distribuidoras do fluxo de visitantes nas suas regiões.
  ‘‘Essa é a primeira grande leitura do turismo no País, que nos permitirá compreender município por município. Não há pesquisa semelhante e com essa dimensão. O Fórum Econômico Mundial fez uma leitura com os países, mas não chegou a este grau de especificação. Montamos uma metodologia de pesquisa que levará três anos de estudo para aproveitar todos os dados’’, contextualiza Tânia Brizolla, diretora de Estruturação, Articulação e Ordenamento Turístico da Secretaria de Políticas do MTur. O estudo será apresentado em Málaga, na Espanha, daqui a um mês, para a Organização Mundial do Turismo.
  Em abril, foi divulgado o diagnóstico geral das capitais e não-capitais participantes que ficaram no nível 3 de desenvolvimento, numa escala de 1 a 5. A metodologia aplicada analisou as ‘‘macro-dimensões’’ Infra-estrutura, Turismo, Políticas Públicas, Economia e Sustentabilidade. A média brasileira alcançada foi 52,7 pontos, as capitais conquistaram 58,7 e as não-capitais ficaram com o índice de 48,3. ‘‘Os resultados foram razoáveis para o setor e ajudarão a conhecer as reais necessidades de cada destino, nortear ações e investimentos para torná-los referência no mercado’’, informa Tânia.
  Para a diretora, o que falta às capitais é aprimorar a divulgação e venda de um produto turístico consistente. ‘‘Voltamos aos municípios para validar os dados levantados com as comunidades e tirar uma relação de prioridade para ser operado. O estudo determina um prognóstico para os destinos, que se atuarem, já possam elevar o padrão de competitividade. Não queremos rankear as capitais nesse momento’’, pontua ela, informando que o cronograma de visita aos destinos será divulgado no Salão do Turismo, entre os dias 18 e 28 de junho, em São Paulo. No Paraná, Foz do Iguaçu e Paranaguá também foram selecionadas.
  Mesmo sem os resultados do estudo sobre Curitiba em mãos, Tânia lança um olhar sobre o potencial turístico da cidade. ‘‘Curitiba é uma capital pré-pronta para o turismo a nível internacional, tem bons serviços, trabalha com negócios e eventos, possui diversidade étnica, equipamentos culturais e transporte de qualidade, atrativos turísticos e ainda é uma cidade bem organizada, limpa e segura’’, destaca. ‘‘O que falta é marketing, vender melhor o produto turístico e fortalecer a política institucional, a cooperação municipal e regional, deficiências comuns ao resto do País’’, disse Tânia.
  Na pesquisa feita com os turistas pela Secretaria de Turismo de Estado, no ano passado, 80% dos entrevistados apontaram Curitiba como uma cidade com qualidade de vida ‘‘bastante boa’’. Esse é o principal diferencial para captar a realização de eventos e turismo de negócios. A fama de cidade bem organizada, moderna, segura e limpa determina a vinda de eventos para Curitiba, segundo Deise Bezerra, coordenadora de Planejamneto Turístico da Secretaria.
  ‘‘Cada cidade escolhida como destino indutor, no Paraná, tem uma vocação. Foz do Iguaçu tem como ponto forte o ecoturismo e aventura, Paranaguá é cidade histórica e tem a Ilha do Mel, já Curitiba se firmou como destino para turismo de negócios e eventos. Todas cidades ainda precisam de investimentos significativos de infra-estrutura e qualificação da recepção turística para receber melhor o fluxo internacional e promover nosso produto’’, informa Deise, acrescentando que o mercado turístico prioritário de Curitiba é São Paulo e os países do Mercosul.
  Para ser um destino indutor, lembra Tânia Brizolla, é preciso focar na informação turística e distribuição de fluxo de visitantes para outras regiões. ‘‘Existe o ônus e o bônus de ser um destino indutor. A cidade deve ter a capacidade de articular a gestão em diferentes instâncias de governância, ter um cardápio, ser disponível e integrar outros destinos regionais. E isso falta ao Paranᒒ, observa ela, contando que a proposta é investir 60% a 70% do orçamento do MTur para os 65 destinos indutores, pensando em criar modelos de turismo competitivo e sustentável para o resto do país, até 2010. Nesse ano, o orçamento do MTur chegou a R$ 6 bilhões.

Copa de 2014 
 A partir de outubro, as cidades candidatas à sedes da Copa do Mundo de 2014 começam a ser definidas. E o estudo feito pela FGV será aproveitado para definir repasse de verbas e intervenções necessárias nos 18 municípios concorrentes. Curitiba é um deles.
  De acordo com MTur, essas cidades terão prioridade e vão ganhar um plano especial que vai contemplar toda infra-estrutura para receber os atletas e um número grande de turistas, como hospitalidade, acesso a informação em vários idiomas, alojamento e outros serviços.