Para as construtoras, a cidade é sua matéria-prima, por isso plano deve garantir o desenvolvimento econômico e a qualidade de vida dos moradores
Para as construtoras, a cidade é sua matéria-prima, por isso plano deve garantir o desenvolvimento econômico e a qualidade de vida dos moradores | Foto: Sérgio Ranalli



O Plano Diretor é ferramenta cotidiana das construtoras e incorporadoras, já que todo empreendimento parte da definição de uma localização e um terreno. Assim, a construção civil é um dos segmentos mais interessados em mudanças que ocorram nas regras. "O atual Plano Diretor não tem regras claras e isso atrapalha muito, não só a construção civil, mas o comércio, os serviços, todo mundo. As leis atuais foram aprovadas com intervalos muito longos, com emendas não discutidas e algumas mudanças fizeram com que muita gente ficasse irregular do dia para a noite", pondera o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Norte do Paraná (Sinduscon Norte/PR), Rodrigo Zacaria.

A falta de clareza nas regras é, segundo ele, muito mais preocupante para o setor da construção civil do que questões referentes ao zoneamento. "Nunca vai deixar de haver áreas para a verticalização e nós vamos continuar trabalhando com o que está na lei. Nossa preocupação é com a cidade, porque se a atividade comercial, a atividade industrial, os serviços vão bem, a economia vai sendo alimentada e isso é bom para todo mundo", argumenta. Zacaria também tem a expectativa de que o Ippul possa ter mais autonomia para agilizar e desburocratizar os processos.

Para a diretora de incorporação da construtora Quadra, Fernanda Pires, tem-se uma visão equivocada de que as construtoras querem obter vantagens sobre os parâmetros urbanísticos. "A cidade é nossa matéria-prima e, se ela for prejudicada por problemas de circulação ou superpopulação, por exemplo, ela fica desvalorizada e isso não é interessante para a construção civil.

TÉCNICA
O segmento costuma acompanhar de perto as revisões do Plano Diretor. "As construtoras muitas vezes passam por vilãs, mas nós temos instrumentos técnicos e uma visão da cidade que pode contribuir muito", argumenta. Fernanda espera que a revisão deixe o Plano Diretor mais objetivo e menos burocrático e não promova mudanças que possam tornar ineficientes o processo de desenvolvimento da cidade. "Quando você tem um papel em branco, você pode escrever qualquer coisa. Quando falamos do centro da cidade, por exemplo, não é mais um papel em branco. Na última revisão, foram modificados alguns parâmetros ali que inviabilizaram nosso trabalho no centro e contribuíram para a geração de vazios. Aí os empreendimentos vão para áreas novas, onerando o poder público, que precisa oferecer a infraestrutura básica", exemplifica.

Regras objetivas também estão entre as expectativas do diretor de incorporação da A.Yoshii, Silvio Muraguchi, em relação ao processo de revisão, que, para ele, deve ter como diretriz a melhora na qualidade de vida da população. "Esperamos que o novo Plano Diretor respeite o potencial construtivo já existente e seja simples e objetivo o bastante para facilitar a análise e a aprovação de projetos futuros, proporcionando melhor qualidade de vida para todos os londrinenses. Acreditamos que para planejar é necessário saber aonde queremos ir. O desafio é grande devido às muitas variáveis, conflitos, definições e conceituações que necessitam convergir para um mesmo caminho", avalia. (J.G.)