A contadora Rita de Cássia Rocha financiou a casa própria, na região do Autódromo de Londrina, em 2011. Até então, morava com a mãe em uma casa construída pelos pais, cheia de degraus, o que dificultava o deslocamento da matriarca. Após encontrar a casa certa, fechou contrato em menos de 60 dias.
"Não achei que seria tão simples, pensei que teria mais dificuldade com o financiamento, mas, para minha surpresa, foi bem rápido", relembra. De lá para cá, o índice de mulheres que financiam o próprio imóvel, sozinhas ou como provedoras do lar, vem aumentando na base de dados da Caixa Econômica. Em 2011, 36,8% dos contratos foram assinados por mulheres; em 2012, chegou-se ao recorde de 39% e, em 2015, 38,7%.
Para Rita, a tendência reflete a mudança de comportamento das mulheres a partir dos 35 anos, quando surge o desejo de construir um patrimônio e ser mais independente. "Conheço mulheres que, mesmo casadas ou noivas, tomaram elas mesmas a iniciativa de comprar um imóvel. A mulher hoje tem essa preocupação, então corre atrás", opina.
A bancária Sandra Kauling também buscou esta realização e adquiriu um apartamento no início deste ano, no centro de Londrina. A procura foi longa e esbarrou em questões práticas, como a dificuldade em identificar o melhor imóvel. Por fim, os anseios de satisfação pessoal e melhoria da qualidade de vida acabaram supridos.
"Tomei a decisão de comprar o empreendimento porque a localização é muito boa, me sinto segura como mulher que mora sozinha; fica no centro, onde trabalho; e pela qualidade que você percebe na obra", destaca Sandra. Por ser bancária, ela sabe da possibilidade de mudança de cidade, por isso, também avaliou o imóvel como investimento.
"Se precisar mudar é um imóvel fácil de alugar, minha preocupação também foi essa", diz. Para Sandra, que já foi casada, as mulheres hoje não condicionam mais a decisão de contrair um patrimônio à formação de uma família. "Por mais que eu volte a casar, tenho a consciência de que tenho a minha vida e meu patrimônio. Vai ser uma união para aproveitar a vida", explica.
A diretora comercial da Plaenge, Mariana Bernini Cavas, ressalta que hoje as mulheres não dependem de um casamento para sair da casa dos pais.
Elas entendem que, além de moradia, o imóvel é um patrimônio, independentemente de formarem uma família depois ou não. Ela ressalta qual tipo de imóvel mais atrai esse público.
"Mesmo sendo só para elas, optam por imóvel que tenha academia, espaço para receber os amigos; não se olha tanto o tamanho, mas a área de lazer funcional", destaca. Na opinião de Mariana, a presença mais ativa no mercado de trabalho, e em posições de destaque, tem feito com que a mulher adquira condições de financiar seu próprio imóvel ou colaborar no financiamento familiar. De acordo com ela, mesmo nas compras em casal a opinião da mulher tem poder decisório.
"A gente percebe que a participação da mulher é crucial, tanto na situação de soma de rendas quanto na decisão. As mulheres acabam se voltando mais para a atenção aos detalhes, ao acabamento e à localização", conta.

NA PLANTA
A gerente administrativo Iara Alcântara Baptista preocupou-se, sobretudo, com a região antes de escolher um apartamento. Porém, o imóvel também devia caber no bolso. "Como era para morar, que fosse perto de padaria, farmácia, ponto de ônibus, rodoviária...e a um preço acessível. Pensei: um imóvel pronto, para mim, vai ser pesado, então, vai ter que ser na planta", relembra.
Após dois anos morando no apartamento, Iara acabou voltando para Ibiporã, sua cidade natal, e colocou o imóvel para alugar. Nesse meio tempo, surgiu a oportunidade de adquirir um outro empreendimento em Londrina, na região da Gleba Palhano, também na planta, onde irá morar a partir do próximo ano.
"Um apartamento pronto para morar não permite muitas mudanças e, se quiser fazê-las, pode sair caro. Com imóveis na planta você tem opções de projeto, acabamentos e outros detalhes que vão atender os nossos desejos", ressalta ela. Para Iara, o investimento compensa pelos benefícios futuros, como a estabilidade na velhice.

NOVAS FAMÍLIAS
Uma pesquisa qualitativa que tem direcionado os investimentos da construtora Quadra nos últimos dois anos revela características interessantes da composição das famílias em Londrina. Além de serem formadas por três pessoas, em média, elas possuem novas configurações, como a mãe sozinha com o filho, o casal sem filhos, e os que optam por viver sozinhos.
Segundo a diretora de incorporações da empresa, Fernanda Pires, os dados mostram uma mudança de comportamento das mulheres. "A mulher tem hoje uma questão forte de chefe de família, que já aparece como percentual de pesquisa. E mesmo ela tendo família, tem um papel decisor muito forte na compra do imóvel", destaca. "Por mais que tenha várias atribuições hoje em dia, a mulher continua sendo a dona da casa, a organizadora do lar", acrescenta Luiza Pires, coordenadora de marketing da construtora.

Imagem ilustrativa da imagem Proprietárias do lar
| Foto: Fábio Alcover
A bancária Sandra Kauling procurou o imóvel ideal por um ano e meio e optou pela área central da cidade