Áreas antes centradas na carreira acadêmica, como a Arqueologia, vem encontrando, cada vez mais, um cenário propício para a atuação prática – com destaque para a área ambiental.A abertura se deve, principalmente, às novas legislações que estabelecem mecanismos para o desenvolvimento sustentável do país.
Nesse contexto, o arqueólogo aparece como o profissional responsável não somente pelo reconhecimento do passado, mas, também, como agente de preservação da realidade nos sítios arqueológicos. É ele que visualiza o impacto que grandes obras exercem sobre o patrimônio histórico do local, podendo atuar na elaboração de Relatórios de Impacto Ambiental.
Segundo o professor do Departamento de Antropologia Social da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Laercio Brochier, o mercado de trabalho da Arqueologia experimentou o primeiro boom no Brasil a partir de 1981, quando foi decretada a Polícia Nacional do Meio Ambiente. O segundo impulso veio em meados da década de 90, com a resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) que tornou obrigatório o estudo de características arqueológicas em obras de grande impacto, como usinas hidrelétricas, ferrovias e estradas.
"Hoje temos várias possibilidades de atuar fora da academia. Antes, a Arqueologia era vista, na prática, como Indiana Jones e pirâmides", comenta Brochier.

Mão dupla
O envolvimento da Arqueologia com o meio ambiente tem mão dupla: se há arqueólogos atuando na área de preservação e sustentabilidade, há também outros profissionais se especializando em Arqueologia.
É o caso do engenheiro civil londrinense Henrique Lück, que cursa MBA em Arqueologia no Instituto Brasileiro de Arqueologia, em Belford Roxo (RJ). Ele viu na Arqueologia a possibilidade de melhor gerenciar licenciamentos ambientais: "Hoje em dia, qualquer obra precisa de licenciamento", ele explica. "O profissional precisa estar capacitado para encontrar melhores resultados e fazer as compensações necessárias."

20 mil
É o número atual de sítios arqueológicos registrados no Brasil, segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).