Fatores culturais, sociais, ambientais e genéticos são o que determinam maior ou menor longevidade. Mas, a genética é o que tem menor peso. Uma pesquisa da enfermeira Regina Kazue Tanno de Souza, professora da Universidade Estadual de Londrina (UEL), mostra como isso se aplica aos japoneses que vieram ao Brasil. Ela comparou taxas de mortalidade dos imigrantes que vieram ao Paraná com japoneses do Japão e concluiu: o perfil epidemiológico se aproxima mais do local de destino que o de origem.
  Tese de doutorado defendida na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), com financiamento do Japão, o estudo ainda analisou o padrão de mortalidade da primeira geração desses imigrantes vinda ao estado, comparando-o ao perfil do Japão e ao do Paraná.
  Uma das constatações foi o menor índice de câncer de estômago entre a primeira geração do sexo masculino, mas taxas maiores de diabetes e doenças isquêmicas do coração, quando comparados aos homens do Japão. Entre as mulheres, somente a taxa de mortalidade por câncer de pulmão caiu significativamente quando comparada às mulheres no Japão.
  Mas, quando se comparou os índices com a taxa de mortalidade do Paraná, percebeu-se uma aproximação muito maior, evidenciando-se a influência de fatores como dieta e hábitos de vida. A pesquisadora ressalta que, hoje, no Japão, os hábitos ocidentalizados já estão mudando as doenças que atingem a população e as causas de morte. ‘‘Muito mais que os fatores genéticos, as questões sócio-culturais é que determinam a longevidade. Considerar isso no âmbito da saúde é importante para pensar em ações possíveis em nível coletivo, como campanhas para mudanças de hábitos, ao contrário do quando se fala em marcadores genéticos, altamente excludentes.’’ (C.P.)