A natação é boa alternativa, pois ajuda no desenvolvimento motor da criança
A natação é boa alternativa, pois ajuda no desenvolvimento motor da criança | Foto: Shutterstock



Cada vez mais vidradas na tela do celular ou imersas em jogos eletrônicos, as crianças de hoje dedicam pouco tempo para brincar e, principalmente, movimentar o corpo. Sem poder sair às ruas ou mesmo de dentro do apartamento, ficam com pouco espaço para gastar energia e estimular a criatividade. Por isso, as atividades no contraturno, como esportes, música, dança, ensino de novos idiomas, são importantes aliadas do processo de desenvolvimento cognitivo e motor dos pequenos.

A psicopedagoga e professora do departamento de Educação da UEL (Universidade Estadual de Londrina), Rosa Maria Junqueira Scicchitano, diz que as atividades complementares ajudam as crianças a desenvolver atenção, concentração, persistência, paciência, resistência à frustração. Aulas de artes, com desenhos e pinturas, música, jogos de tabuleiro, participação em projetos e rodas de leitura são alguns exemplos de como ocupar bem o tempo da criança em idade escolar.

Rosa cita ainda outras possibilidades, como aulas de culinária, cultivo de horta, prática de esportes. Segundo a psicopedagoga, hoje, as tecnologias deixam as crianças ansiosas e apressadas, por isso, é necessário dosar o uso de equipamentos eletrônicos. "Eles são importantes, mas devem ser combinados com outras atividades", explica. A recomendação é que os pais incentivem os filhos a experimentar algumas atividades de forma orientada e deixar que eles escolham o que mais gostam de fazer.

As aulas ou esportes no contraturno são importantes, mas devem ser dosados pela família, para que a criança não fique sobrecarregada demais com tantos compromissos. "Ela precisa de tempo ocioso para brincar, criar, descansar", avisa a psicopedagoga. Se ficar cheia de obrigações, a criança fica cansada, irritada, desatenta, triste, e não vai se apegar a nada, porque faz as coisas porque os pais mandam e não porque tem vontade.

O IMPORTANTE É MOVIMENTAR-SE
A personal trainer e professora de educação física do maternal ao fundamental II do Maxi, Vilmara Terci Esteves, indica aos pais o resgate de brincadeiras do passado, como soltar pipa e jogar bola. Segundo ela, é importante a família participar das atividades e incentivar a prática de exercícios físicos ainda na infância. A partir dos seis meses de vida, já é possível matricular o bebê na natação. O esporte ajuda a criança perder o medo da água, desenvolver a parte motora e melhorar o sono.

Na escola, a professora conta que a aula de educação física é direcionada de acordo com a faixa etária dos alunos. Para crianças entre um ano e meio e dois anos e meio, as atividades envolvem deslocamento, equilíbrio, força, jogar e chutar bola, engatinhar. "A criança precisa se movimentar", enfatiza. Esteves afirma que quanto mais cedo começar uma atividade física melhor. E isso não depende apenas de uma matrícula em uma escolinha profissional, pode ser por meio de brincadeiras simples, como andar de bicicleta e jogar bola.

A partir dos 6 anos, a educadora física diz que já é possível trabalhar com regras e técnicas nos esportes. "É importante que a criança experimente algumas modalidades para escolher o que quer fazer", recomenda. Os esportes coletivos, segundo Esteves, são importantes para a socialização, desenvolvimento motor, trabalho em equipe. Apesar dos muitos benefícios, a professora conta que a prática esportiva fora do horário de aula ainda é bastante baixa. Isso é grave porque compromete seriamente o desenvolvimento motor.

Ela afirma que não é raro encontrar crianças com dificuldades para subir em brinquedos nos parquinhos, em árvores, ou mesmo no sofá de casa. "Uma criança que não faz atividade física nenhuma chega aos 9 anos de idade com o tônus muscular mais flácido e sem força do que aquela que é ativa", afirma. Outro agravante é o aparecimento de doenças, como a obesidade. "O número de crianças obesas aumentou muito e preocupa médicos e educadores físicos", lembra. Para garantir uma boa qualidade de vida, a professora orienta que os pais incentivem uma alimentação saudável e coloquem os filhos para se movimentar.

NOVAS HABILIDADES
A prática de atividades no contraturno permite que as crianças desenvolvam novas habilidades. O diretor da Escola Alfa, João Marcos Machuca, que recebe alunos da educação infantil ao fundamental II, afirma que as atividades complementares são oferecidas tanto em horário regular, como após as aulas. As primeiras, que compreendem natação, música e dança, são obrigatórias no currículo. "A natação ajuda no desenvolvimento motor, a música e a dança trabalham a expressão corporal", aponta.

No contraturno, a escola oferece aulas de balé, judô, robótica, teatro, matemática, empreendedorismo. Machuca explica que as crianças podem optar livremente pelas atividades, de acordo com a faixa etária. "Elas são voltadas para a formação e desenvolvimento amplo", explica. O diretor confirma que os alunos que realizam algum tipo de atividade no contraturno têm desempenho melhor nas disciplinas básicas. Mas ele avisa que as tarefas não podem ser impostas pelos pais e precisam ser dinâmicas e prazerosas, para atrair o interesse dos pequenos.

Outro ponto positivo das atividades extras é que os participantes criam laços mais fortes com a escola e os colegas. O diretor afirma que a oferta é apresentada aos pais no início do ano letivo e as crianças podem fazer uma aula experimental para avaliar se gostam ou não da proposta. Segundo Machuca, cerca de 50% dos alunos realizam alguma tarefa após o horário regular de aula. Ele completa ainda que, muitas vezes, a oferta de atividades extracurriculares é o que diferencia uma escola da outra e influencia na decisão de matrícula pelos pais. "É uma necessidade, pois complementa o processo de aprendizagem", justifica.