Até 2024, o País deve contabilizar mais de 800 mil unidades com seus sistemas de geração de eletricidade a partir de placas fotovoltaicas, projeta a Aneel
Até 2024, o País deve contabilizar mais de 800 mil unidades com seus sistemas de geração de eletricidade a partir de placas fotovoltaicas, projeta a Aneel | Foto: Fotos: Shutterstock



Desde 2015, a conta de energia elétrica do brasileiro está suscetível ao sistema de bandeiras tarifárias, que tornou o valor da energia variável de acordo com as condições de geração de eletricidade. Neste mês, por exemplo, está em vigor a bandeira vermelha, que acrescenta à conta R$ 3,00 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. Além disso, as tarifas de energia acumularam reajustes de mais de 50% nos últimos dois anos. Diante desse cenário, a energia solar fotovoltaica, que antes era interessante apenas à consciência ambiental, passou a ser interessante também para o bolso e está passando por um boom no Brasil.

Desde abril de 2012, o brasileiro pode gerar sua própria energia elétrica a partir de fontes renováveis, contando com um sistema de compensação de energia elétrica. Atualmente, existem cerca de 11 mil residências, indústrias e comércios produzindo energia a partir do sol por todo o Brasil, 900 delas no Paraná. As projeções da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sugerem que até 2024, o país deve contabilizar mais de 800 mil unidades. A Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) tem uma previsão ainda mais otimista: até 2025, um milhão de unidades consumidoras terão seus próprios sistemas de geração de eletricidade a partir de placas fotovoltaicas.

Dos 11 mil sistemas de energia fotovoltaica já em funcionamento, mais de 10 mil foram instalados de 2015 para cá. Mas o encarecimento da energia distribuída pelas concessionárias nesse período não foi o único responsável por esse súbito crescimento. De acordo com o presidente da Absolar, Rodrigo Sauaia, o avanço na tecnologia utilizada nesses sistemas foi outro fator determinante. "O avanço tecnológico, o aumento na escala de produção e a otimização do processo produtivo tornou a energia fotovoltaica mais vantajosa e competitiva. Houve uma redução de 75% a 80% nos preços, ou seja, o sistema hoje custa um quinto do que custava dez anos atrás", explica o presidente da Absolar, Rodrigo Sauaia.

E a tendência é que os valores se tornem ainda mais interessantes daqui para frente. A Bloomberg New Energy Finance, provedora independente de dados e análises do setor, prevê que até 2040, o valor da energia fotovoltaica seja 66% mais barata. Até lá, acredita-se que a energia fotovoltaica pode se tornar a principal da matriz energética brasileira, respondendo por 36% da eletricidade produzida no país, ante 29% das hidrelétricas. Hoje, a energia solar tem uma participação de 0,02% na matriz e a hidrelétrica 61%. "Para 2040, esse é um cenário muito possível. O Brasil tem um dos melhores recursos solares do mundo e pode figurar entre os principais geradores de energia solar do mundo", afirma o presidente da Absolar. Segundo ele, se aproveitarmos somente os telhados de residências brasileiras para a instalação de sistemas fotovoltaicos, a geração de energia seria 2,3 vezes a necessária para abastecer todos os domicílios do país.

CONTA DE LUZ
De acordo com Sauaia, considerando todo este novo cenário, o investimento necessário para a instalação de um sistema de geração de energia fotovoltaica – que hoje gira em torno de R$ 15 mil a R$ 20 mil para uma família de quatro pessoas – tem um payback de 5 a 7 anos, dependendo da região. Considerando que a vida útil desses equipamentos é de mais de 25 anos, serão pelo menos 20 anos com a conta de luz até 90% mais barata.

Diferentemente do que muita gente acredita, não é possível zerar a conta de luz quando se produz energia fotovoltaica. Isso porque a maioria das distribuidoras cobra algumas taxas fixas. "Mesmo que uma unidade consumidora consiga gerar 100% da energia que utiliza, ela vai pagar a taxa mínima, a taxa de iluminação pública", explica o engenheiro da equipe de medição da Copel, Ewerson Luiz Poisk.

Além disso, no Paraná, apesar de poder "vender" sua energia excedente para a Copel, os preços da energia da concessionária e da energia fotovoltaica são diferentes por causa da incidência de impostos, que só o consumidor paga. "Quando uma unidade gera mais energia do que consome, o excedente vai para a rede da Copel, gerando créditos que poderão ser utilizados no prazo de cinco anos ou em outra unidade registrada sob o mesmo CPF ou CNPJ. Mas, na compensação desses créditos, o consumidor paga ICMS sobre a energia que consome da Copel, enquanto que na energia gerada por ele, não ocorre a incidência do imposto", detalha Poisk.

BENEFÍCIOS
Além de ser uma energia limpa e renovável e, agora, também econômica, a energia fotovoltaica apresenta uma série de outras vantagens. "A energia solar tem um grande potencial de geração de empregos e de oportunidades de negócios, além de ter um papel importante na transição para uma economia de baixo carbono. Com ela, é possível diversificar nosso suprimento energético e ter mais segurança diante de reservatórios com níveis baixos nas hidrelétricas", acrescenta Sauaia.