Os 91 anos de idade não pesam para a quitandeira aposentada Mikie Nakai, de Cambé. Com passos miúdos, ela pendura a roupa lavada, desfaz as malas depois de uma viagem de dez dias aos Estados Unidos, faz os exercícios de fisioterapia em casa e vai para a aula de hidroginástica duas vezes por semana - tudo com a calma e a determinação que marcam sua história, a exemplo dos seus conterrâneos japoneses.
  Nascida em 4 de março de 1917 no Japão, Mikie não titubeia ao contar a própria vida, com uma riqueza de detalhes que impressiona. Perdeu a mãe aos seis anos, veio ao Brasil aos nove com o pai, com a esperança de encontrar um lugar sem terremotos, vulcões ou neve. Voltou ao país natal, onde se casou, exatamente no dia 22 de dezembro de 1940, pouco antes de estourar a 2ªGuerra Mundial, em 1941. Por causa da guerra, chegou a passar fome e privações. Depois da guerra, com o marido sem emprego, andava mais de 12 km para vender os peixes que pescava. E, de volta ao Brasil, não encontrou facilidades - o marido doente não podia mais trabalhar.
  Em Cambé, chegou no dia 15 de setembro de 1959, onde trabalhou muito para montar uma quitanda e ser reconhecida. Seu grande segredo de vida, e de saúde, parece ser mesmo a determinação: ‘‘Lutei até os 60 anos, até me aposentar, e eu agradeço a Deus por tudo. Muita gente só reclama. Eu fico satisfeita com o que tenho e com a saúde que tenho.’’(C.P.)