O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Miguel Rossetto, disse ontem que a tabela de preço mínimo para o frete exigida pelos caminhoneiros é "impraticável" e "inconstitucional". Embora a categoria garantia o início de nova greve para a meia-noite de ontem, o ministro disse que parte dos trabalhadores reconhecerá as conquistas já obtidas junto ao governo.
"A tabela impositiva está descartada. Na nossa opinião, ela não dispõe de autorização constitucional e é impraticável devido à enorme diferenciação de variáveis que envolvem a atividade, como a qualidade do caminhão, da carga e das estradas", afirmou Rossetto, após reunião com representantes da categoria. "Já a tabela referencial que propomos está sendo construída com cuidado e deve servir como referência para a formação de preços dos contratos de frete, garantindo o equilíbrio dos contratos", completou.
O ministro apresentou uma lista com 15 medidas que ele considerou já serem conquistas obtidas pela categoria nas negociações do setor com o governo este ano. Dentre elas estão a isenção do pagamento de pedágio para o eixo suspenso de caminhões vazios e o perdão de multas por excesso de peso nos últimos dois anos. Rossetto destacou ainda que uma mesa permanente de negociação segue aberta com os caminhoneiros.
"Houve um único ponto sem acordo, mas temos iniciativas muito concretas que marcam um novo tempo na relação entre o governo e o setor. Estamos seguros do apoio de ampla parcela da categoria a essas medidas, que reconhece essas iniciativas do governo e do Congresso Nacional", argumentou. Questionado sobre a ameaça de novos bloqueios nas rodovias, o ministro se limitou a dizer que o governo "vai aguardar".
Os caminhoneiros reclamam que a tabela mínima é a principal reivindicação desde a greve de fevereiro. "Disseram que é inconstitucional. Não acho justo", afirmou Fábio Luis Roque, caminhoneiro que foi a Brasília representando os colegas da região Noroeste do Rio Grande do Sul. Ele disse que contratou um ônibus para levar os manifestantes à capital federal e que a empresa de fretamento obedecia uma tabela mínima para o serviço determinada pela ANTT. "Quer dizer que, para eu vir a Brasília me manifestar, eu tenho de pagar um preço mínimo no serviço de fretamento. Agora, para eu trabalhar, eu não posso ter uma tabela mínima para cobrar", criticou, garantindo que a greve será mais forte que a de fevereiro.
Para Roque, o real motivo para o governo não atender a reivindicação é a pressão exercida pelos embarcadores - os donos de carga -, principalmente os do agronegócio. Cerca de 300 pessoas participaram da reunião de ontem, entre caminhoneiros, empresários de transporte e até representantes de postos de combustíveis. (Com Agência Estado)