Não existem receitas prontas para derrubar crises, embora se conheçam bem os fatores que em todos os tempos e lugares as geram. Mas uma coisa é certa. Crise gera crise e esta por sua vez aprofunda a anterior que a gerou, virando um círculo fatal para as famílias que sofrem, principalmente com o desemprego.
A atual crise brasileira já chegou ao ponto mais temido. Afetou trabalhadores que com estabilidade empregatícia há anos e com mais de 50 anos de idade, terão dificuldade em reentrar no mundo do trabalho.

As crises se vencem. Crises se superam. Ninguém de bom senso duvida disso. A história nos mostra. Revela-nos também que crise pode ser oportunidade e nos mostra acima de tudo quem está ou não comprometido com o bem comum, apontando para as soluções duradouras de superação da crise.

Empresários bons e empresários maus se distinguem numa crise. O governo gera as crises com a cumplicidade dos maus empresários e só os bons a podem superar, geralmente sem a ajuda do próprio governo! Este cinismo econômico é tão antigo quanto o mundo moderno. O mau empresário aproveita-se dos tempos favoráveis, enriquece, viaja, compra supérfluos e não revela nenhum empenho com o crescimento sistemático da própria nação. Na hora do aperto geral, reclama da crise e ao despedir os seus funcionários – maior patrimônio – sem cortar na própria carne, e nos seus extras, cava o buraco para si mesmo e para o país!

O mau empresário avalia o tamanho da crise, pelas limitações que esta lhe impõe em hábitos, às vezes nada condizentes com o país onde habita. Nesse momento de tormenta, deixa de fazer suas doações às entidades, reduz a própria empresa, mas tenta ao máximo surfar nas ondas tenebrosas, mantendo os seus prazeres.

O Brasil não tem nos maus empresários e em boa parte da classe A, os sócios à altura, para a superação de crises como a atual. Sobra mais uma vez para a classe média e para os que buscam desesperadamente na informalidade, o antídoto para esta aguda crise. Demora mais! Mas vai ser superada como noutras ocasiões. O mau empresário não entende que ao despedir um funcionário como primeira opção na crise, vai gerar um "não consumidor" e terá a duras penas que treinar um outro quando o recontratar para a mesma função! Com esta atitude insana, ele aprofunda o que critica e se afasta do papel de protagonista no enfrentamento dessa crise!

Crises não têm segredos. Os ciclos econômicos mundiais as geram e fabricam, às vezes artificialmente, como em laboratórios, outras vezes como consequências previsíveis de políticas suicidas. Governos corruptos e demagogos são o seu maior nascedouro! Mas sair delas, exige espírito de cidadania acima da média e muita coragem e determinação. Um período de crise provoca os gigantes e denuncia os medíocres. Em momentos assim, os mais fracos sempre pagam com sangue e suor, as acrobacias dos que em período de vacas gordas não hipotecaram nenhum apoio consistente ao desenvolvimento geral.

A atual crise brasileira tem o rosto da mentira eleitoral, do desiquilíbrio dos gastos públicos, e positivamente, da depuração ética política e empresarial. O país já atravessou em sua história momentos como este. Virar a página e encetar um novo período de calmaria e crescimento é fundamental. Mas com bases sólidas e com lições aprendidas. Chega de inventarmos rochedos que impeçam o natural leito do rio chamado Brasil, que nos últimos anos tenta encontrar seu melhor caminho. Crises como esta, só conspiram contra o povo brasileiro que com galhardia carrega nas costas o avanço deste país. Empresários cidadãos e patriotas que sofrem com uma das maiores cargas tributárias do mundo, saberão mais uma vez, driblar este tsunami atual e se fortalecer; não apesar, mas com a crise!

MANUEL JOAQUIM R. DOS SANTOS é padre na Arquidiocese de Londrina

■ Os ar­ti­gos de­vem con­ter da­dos do au­tor e ter no má­xi­mo 3.800 ca­rac­te­res e no mí­ni­mo 1.500 ca­rac­te­res. Os ar­ti­gos pu­bli­ca­dos não re­fle­tem ne­ces­sa­ria­men­te a opi­nião do jor­nal. E-­mail: opi­niao@fo­lha­de­lon­dri­na.com.br