Entre os sonhos que se acumula na vida, ter a casa perfeita deve ser quase a unanimidade das pessoas. Para transferir para o papel o modelo desejado o caminho é buscar a ajuda de profissionais da área - arquitetos e engenheiros. Mas na hora de pôr a mão na massa há quem se habilite a tomar conta do processo construtivo, seja por critérios de economia, de prazer, de realização de um sonho.

Nesse perfil se encaixa o ex-bancário Augusto Cerqueira de Oliveira Neto, que mesmo sem ser um profissional da área assumiu sozinho a administração da construção de sua casa, a partir do projeto feito por um engenheiro. E mesmo sem ter a experiência e os contatos de quem atua na construção civil, ele afirma ter economizado de 20% a 30%. "Na minha profissão, eu já era habituado a fazer vários orçamentos para uma mesma coisa. Isso sempre ajuda a conseguir um preço melhor", pondera.

Mas não foi sem receio que ele assumiu a responsabilidade. "Todo mundo dizia que eu era louco. Era a primeira vez que eu estava construindo, não conhecia profissionais e fornecedores que pudesse contratar", afirma. Mas ele pesquisou bastante, conversou com os então futuros vizinhos de condomínio, olhou as casas, pediu indicações de profissionais e contou com um pouco de sorte, segundo ele mesmo. "Não tive problema nenhum na construção da casa, deu tudo certo e foi uma experiência ótima para mim. Mas o mesmo não aconteceu com a construção do meu estabelecimento comercial, três anos depois, que tive uma experiência horrível. Então, tem de contar com a sorte", afirma Neto.

Mas entre esses profissionais da construção o menos comum é delegar para outros o trabalho na hora de construir a própria casa. Além de terem o privilégio da autonomia em todo o processo de construção, sem correr o risco de desrespeitar a legislação, eles têm facilidades que reduzem consideravelmente os custos da obra. Mas nem tudo é vantagem, porque, quase sempre, os "clientes" da família são ainda mais exigentes que os do escritório.

O engenheiro Magno Gasparine já construiu duas casas para ele e a família: uma em 2005 e outra concluída em janeiro deste ano. Nas duas ocasiões, ele projetou e executou a obra. "É diferente de fazer a casa de outra pessoa, que eu faço com objetivos financeiros, é meu trabalho. Quando é a minha casa, envolve um sonho da família, dá mais satisfação", conta.

Além dessa satisfação, fazer a própria casa tem reflexos importantes no bolso. Por estar diariamente envolvido com a construção civil, o engenheiro tem diversas facilidades, além de não ter gastos com o projeto, que ele mesmo faz. "Consigo uma margem de cerca de 30% de economia", afirma Gasparine.

Mas tem também um ônus, na opinião dele. "Diferente de quando é um trabalho, esse é um processo que envolve a minha família. Tenho de levar em consideração o que a esposa quer, o que os filhos querem, as diferentes opiniões sobre os acabamentos", pondera.

O arquiteto Jony Nakano também passou por isso ao construir a própria casa. A esposa, que à época ainda era noiva, também deu seus pitacos. "Quando o cliente dá opinião no projeto, não tem jeito, mesmo não concordando muito, eu vou lá e faço. Na nossa casa, ela opinou bastante e aí eu tive de mudar algumas coisas do que eu tinha planejado para tentar aproximar mais do que ela queria. Em outras, eu bati o pé", conta.

Mas a economia – de cerca de 20% – valeu a pena, segundo ele. "Enquanto o custo unitário básico, que é usado para orçar uma obra, no padrão da minha casa seria R$ 1,7 mil, eu fiz com R$ 1.350", compara Nakano. "Fiz um projeto de fácil execução, bastante funcional, sem muita preocupação com a estética, que costuma ser o foco da arquitetura. Tudo porque o bolso mandava mais que a vontade", argumenta.