Tsuneo Maejima era filho único de uma tradicional família no Japão. Catedrático em Letras, tocava o negócio familiar de caixas para presentes. Veio a recessão e as vendas dos produtos da família Maejima despencaram. Assim, ele resolveu apostar no sonho brasileiro. Na década de 1930, aquele homem com título de doutor chegou para encarar a lavoura e ganhar o suficiente para reerguer a empresa que ficara no Japão. Acabou ficando no Brasil e fez o pé-de-meia trabalhando nos cafezais.
  Quem conta essa história é a neta de Tsuneo, a desembar-gadora Lídia Maejima, que hoje atua no Tribunal de Justiça do Paraná. O imigrante criou dez filhos, entre eles, o pai da desembar-gadora, Miguel, que ao lado da esposa Izabel criou outros sete filhos - seis mulheres e um homem - todos graduados pela Universidade Estadual de Londrina (UEL).
  ‘‘Era quase uma obsessão dos meus pais dar instrução para os filhos. Preferimos levar prejuízo financeiro do que macular o nosso nome. A educação é a base de tudo’’, destaca Lídia Maejima.
  O médico Paulino Matsuzaki é filho de imigrantes do pós-guerra. Seus pais chegaram ao Brasil em 1952 e o destino da família também foi a lavoura. Depois de quatro anos, o patriarca Hisanao se aventurou
pela compra e venda de alimentos,
e prosperou.
  Na família Matsuzaki, estudar também é regra. ‘‘Minha avó passou o tempo da guerra em uma cidade do Japão que foi muito bombardeada. Ela contava que quando as sirenes de alerta soavam a ordem era pegar livros para levar para os abrigos, pois lendo se engana a fome’’, rememora.
  O estudo também está na história do engenheiro Massaru Onishi. Os pais dele chegaram ao Brasil em 1927 e se estabeleceram em Registro (SP). Em 1941, a família veio para Assaí.
  Entre os oito filhos da família Onishi, só os três mais velhos não conseguiram chegar ao diploma universitário. ‘‘A expectativa quando a família chegou era voltar ao Japão, por isso os mais velhos não entraram em escola brasileira. Mas quando
veio a guerra... Voltar era
impossível’’, explica.
  Onishi estudou em uma escola rural durante o dia e à noite estudava o japonês à luz de lampião. Segundo ele, a comunidade se organizava para ensinar a língua pátria às crianças. Cada noite era em uma casa. Até hoje o engenheiro faz os cálculos de suas obras em japonês. ‘‘Estudar era fundamental’’, finaliza. (W.S.)