Na época em que vovó Lourdes ainda não estava de cadeira de rodas, ela passeava com a fisioterapeuta Mônica Lúcia Zanetti, que levava Fifi no bolso do jaleco. O começo foi difícil, pois ao chegar perto de Lourdes a pequena atacava. ''Tivemos de conquistar a cachorrinha para se aproximar de dona Lourdes. A presença da Fifi junto nas sessões estimula muito ela. Melhorou 1000%'' explica a fisioterapeuta.
A importância da bolinha preta e peluda nesta história é valorizada pela neurologista Teresinha Lissa, 50, médica de Lourdes, também presente na festa. ''Qualquer estímulo é importante. Ela transfere a parte emocional para o cachorro'', comenta. Em sua própria família, Teresinha tem um exemplo próximo. ''Quando via o cachorro, minha mãe voltava à realidade. Era o seu 'fio terra'.''
Bianca Valente, 24, filha da médica, lembra de um dos momentos que considera mais emocionantes. Diva, sua avó, estava com um estágio muito avançado do mal de Alzheimer e não reconheceu nem a filha tampouco a neta. ''Quando apontamos para o nosso cachorro, ela disse 'Esse eu sei quem é, é o Tequila'.''
''A Fifi é a terapia da minha mãe'', comenta Virginia, filha de Lourdes. ''Quando ela está confusa, adora ler o pedigree'', conta sobre o documento em que aparecem os antepassados de Josephine Merlin. Para Sara, terapeuta ocupacional, ''o envolvimento da família é motivador e muito importante. E por isso dá resultado.''
''Quando pego a agenda de telefones da mãe, parece obituário. Os amigos ou estão mortos ou deixados de lado em um depósito de gente. A minha mãe tem qualidade de vida'', conta Virginia, que mora com Lourdes, Fifi e com seu esposo Iran Longhi, que também adora a cachorrinha. ''Ele é o irmão mais velho dela'', brinca. (R.U.)