O ambiente empreendedor favorece o envolvimento do aluno no ato de fazer, pensar e aprender
O ambiente empreendedor favorece o envolvimento do aluno no ato de fazer, pensar e aprender | Foto: Shutterstock
Maria Patrícia Rohten desenvolveu uma lixeira transparente para o descarte de produtos recicláveis
Maria Patrícia Rohten desenvolveu uma lixeira transparente para o descarte de produtos recicláveis



O mundo está em constante transformação e preparar os estudantes para a vida e o mercado de trabalho exige que as escolas dediquem tempo a projetos voltados para a educação empreendedora. Tais iniciativas visam desenvolver nos estudantes competências como criatividade, inovação, trabalho em equipe, capacidade de enfrentar desafios e de transformar o meio em que vivem.
A diretora educacional do Colégio Londrinense, Ieda Terra Alves Gomes, afirma que o empreendedorismo deve ser estimulado desde cedo. No Londrinense, a atividade é desenvolvida por meio de projetos científicos, culturais e sociais. "Nossos estudantes são incentivados a criar produtos ou negócios para solucionar problemas", conta. Segundo ela, a iniciativa favorece na formação do caráter. "O aluno que passa por todas as etapas do processo de empreender sai da escola mais proativo, responsável, dinâmico, com autonomia e pensamento voltado para o bem coletivo", avalia.
O Colégio Sesi Londrina fechou uma parceria com o Projeto Jovem Empreendedor, do Sebrae, para trabalhar o empreendedorismo com crianças e adolescentes de 6 a 17 anos. "O objetivo é estimular a coletividade e incentivar que o aluno busque o autoconhecimento, novas aprendizagens, desenvolva atributos necessários para a gerência da própria vida pessoal, profissional e social", descreve a diretora da escola, Gisele Cristina Moro Hesnauer.
Ela conta que, durante o projeto, os estudantes vivenciam todas as etapas até chegarem à construção de uma empresa. Com a montagem de uma loja, entendem a necessidade de planejamento e conhecem os diferentes aspectos do mundo dos negócios. "O ambiente empreendedor favorece o envolvimento do aluno no ato de fazer, pensar e aprender", aponta. Segundo a diretora, o projeto faz uma correlação entre a cultura empreendedora e os valores éticos, culturais e de cidadania.
No Colégio Universitário, o tema empreendedorismo já é trabalhado com os alunos há pelo menos 20 anos. A professora responsável pela disciplina e coordenadora da já tradicional Feira de Empreendedorismo Social realizada anualmente pela escola, Eunice Fernandes Azevedo Silva, explica que o trabalho é conduzido por uma equipe capacitada e inclui atividades voltadas para crianças do nível 1 até o Ensino Médio.
A escola utiliza a metodologia de Orientação Profissional, Empregabilidade e Empreendedorismo (OPEE) do psicoterapeuta e professor Leo Fraiman. A proposta pedagógica tem o objetivo de contribuir para o autoconhecimento e orientar crianças e jovens, desde cedo, na escolha dos próprios projetos de vida. De acordo com Eunice, na disciplina também é trabalhado com os alunos o lado social. "Acreditamos no empreendedorismo de prática e atitude", diz.
A professora explica que, ao longo do ano, os estudantes desenvolvem o projeto de uma empresa. Ele é concluído e apresentado durante a Feira de Empreendedorismo Social, realizada sempre no mês de outubro. Em 2016, cerca de 7 mil pessoas passaram pelo evento e puderam conferir os mais de cem produtos confeccionados pelos alunos. "O lucro com as vendas é revertido para 15 entidades carentes de Londrina", conta. Mais do que fazer a doação, os estudantes são colocados em contato com o trabalho desenvolvido pelas entidades e as pessoas atendidas por elas.
Com apenas 11 anos, a estudante Maria Patrícia Rohten já teve a oportunidade exercitar o empreendedorismo na prática ao tirar uma boa ideia do papel e ainda ser reconhecida pela iniciativa.
Ela conta que, para a disciplina de empreendedorismo de inovação, que neste ano teve como tema a sustentabilidade, ela desenvolveu uma lixeira transparente para o descarte de produtos recicláveis.
"Eu sempre me preocupei com a forma errada que todos jogavam o lixo. Minha ideia foi facilitar a visualização e tornar a coleta mais eficiente", conta. Para motivar os alunos, a escola premia as ideias mais inovadoras e a criação de Maria Patrícia conquistou o primeiro lugar, o que a deixou muito entusiasmada. Ela conta que passou uma semana inteira pensando em como resolver o problema do descarte de lixo e ficou bastante satisfeita com o resultado final.
A diretora do St. James, Márcia Kobayashi, explica que, além das aulas de empreendedorismo, os alunos da escola também aprendem sobre liderança. "Pretendemos desenvolver nas crianças, desde cedo, a iniciativa, criatividade, o trabalho em equipe, solução de problemas", destaca. Tais competências são trabalhadas por meio de atividades práticas como o "Garage Sale", em que alunos levam para a escola itens que não utilizam mais – como livros e brinquedos – e os revendem para a comunidade interna.
Já na Feira de Empreendedorismo, Márcia conta que os estudantes formam equipes e criam empresas para compor uma grande praça de alimentação. Para isso, fazem pesquisa de mercado, criam um nome, os produtos, calculam os custos e depois das vendas avaliam se tiveram lucro ou prejuízo. "Eles participam como vendedores e como consumidores conscientes, que devem escolher os produtos pela qualidade, atendimento e melhor preço", afirma.
Mas a preocupação da escola vai além de ensinar aos alunos as diversas etapas de criação de um negócio. O colégio também trabalha o empreendedorismo social por meio de uma gincana solidária, em que os estudantes coletam alimentos não perecíveis para serem doados a entidades assistenciais de Londrina. "O empreendedor tem que pensar no contexto em que vive", reforça Márcia.