O movimento que começou silencioso no final dos anos 80 é atualmente o maior responsável pela emigração dos descendentes de japoneses. O retorno ao Japão, hoje, é encarado como um período provisório, em que os dekasseguis partem para formar o ‘‘pé-de-meia’’. Os brasileiros que vão trabalhar do outro lado do mundo injetam cerca de US$ 2,5 bilhões por ano na economia nacional. Deste total, cerca de US$ 600 milhões vêm para o Paraná, dos quais US$ 170 milhões para Londrina, segundo estimativas do Sebrae.
  Projeções indicam que cerca de 313 mil dekasseguis brasileiros estejam atualmente no Japão; deste total 10 mil trabalhadores seriam de Londrina. Em média, os trabalhadores voltam com cerca de US$ 60 mil. O levantamento do Sebrae mostrou que 45% dos dekasseguis têm interesse em abrir um negócio próprio, embora 66% deles não tenham experiência como empresários, e 80% querem voltar ao Brasil.
  A escolaridade desses trabalhadores também é alta: 80% têm concluído o Ensino Médio. No entanto, a falta de preparo técnico ao investir em um negócio e de informações sobre a economia brasileira têm levado os dekasseguis a enfrentar alto índice de mortalidade das empresas. Segundo a pesquisadora Estela Okabayashi Fuzii, nos dois primeiros anos de funcionamento 49,4% dos negócios não dão certo. Entre os que sobrevivem, o porcentual sobe para 56,4% nos três primeiros anos e para 59,9% nos quatro primeiros anos.
  ‘‘E isso faz com que as pessoas percam o dinheiro conseguido no Japão’’, lamenta Estela. ‘‘Eles (dekasseguis) precisam de orientação antes de sair do Japão, precisam se ambientar com a economia nacional e verificar qual o montante necessário para investimentos.’’
  Estes problemas financeiros, inclusive, levam ao movimento pendulário. São dekasseguis que vão e voltam para o Japão por várias vezes. Para resolver estas questões, uma das saídas seria a união dos dekasseguis em sociedades de negócios. Neste caso, o Sebrae desenvolve, há dois anos, o programa ‘‘Dekassegui Empreendedor’’ nos Estados com maior concentração de nisseis como Paraná, Pará, São Paulo e Mato Grosso do Sul.