A propaganda era entusiamante. No Japão, todos falavam da possibilidade de fazer dinheiro no Brasil. Além disso, a recessão econômica tomava conta do país nipônico nas primeiras décadas do século 20.
  Na imigração, uma boa alternativa de ganhar dinheiro, voltar para a pátria mãe e reconstruir a vida. Assim, os primeiros japoneses chegaram ao Brasil. ‘‘Mas a realidade que eles encontraram não era a que esperavam. O que recebiam trabalhando na lavoura era muito pouco. Não dava para ganhar dinheiro e voltar para o Japão’’, ensina o sociólogo Hermann Oberdiek, um estudioso de imigrações.
  Vendo distante o sonho de retornar ao Japão, os imigrantes arregaçaram as mangas e enfrentaram o trabalho na roça, primeiramente no interior do Estado de São Paulo. Na primeira oportunidade, saíram da condição de empregados. Foi assim que muitos chegaram ao Norte do Paraná, comprando à base de muitas parcelas um pedaço de terra a ser desbravada.
  Desbravaram, plantaram e fizeram o chão dar frutos. Por isso, durante muito tempo a colônia japonesa carregou a tradição da agricultura. Contudo, os nikkeis já não estão ligados à terra como seus pais ou avós. A maioria dos descendentes estudou, e muito. Hoje, muita gente de olho puxado ocupa lugar de destaque na sociedade graças ao incentivo que tiveram dos pais para mergulhar nos livros. ‘‘Quem passa sufoco sabe dar valor aos estudos’’, comenta o sociólogo. ‘‘A cultura dos japoneses é assim. Eles sabem que aqueles que não se aperfeiçoam não conquistam um bom lugar’’, completa Oberdiek.
  A FOLHA foi atrás de três histórias de gente que estudou bastante
para se dar bem. Os relatos são emocionantes.