Imagem ilustrativa da imagem Um servo de Maria jamais perecerá!



Há 76 anos, morria em Auschwitz um dos maiores santos e heróis modernos: São Maximiliano Maria Kolbe. Guerreiro da Imaculada Conceição de Maria, Kolbe ofereceu-se para morrer no lugar de um operário polonês, pai de família. O homem que ele salvou esteve presente à sua cerimônia de canonização, em 1982, celebrada por outro santo do nosso tempo: São João Paulo II. Reproduzo aqui a crônica que escrevi sobre o martírio de Maximiliano Kolbe:

As impressionantes imagens do papa Francisco na visita a Auschwitz, na Polônia, me fizeram lembrar outro padre católico que morreu naquele campo de concentração: o franciscano polonês Maximiliano Maria Kolbe (1894-1941).

Kolbe abraçou a vida religiosa ainda na infância, quando teve uma visão de Nossa Senhora a lhe oferecer duas coroas: uma branca e uma vermelha. A branca significava a vida de castidade; a vermelha, o martírio. O menino escolheu as duas — e, com elas, seu destino.

Ainda muito jovem, em 1917, ano da Revolução Russa e da Aparição de Fátima, Kolbe fundou uma associação apostólica consagrada a Nossa Senhora. Tinha pouquíssimos recursos e chegou a passar uma temporada numa clínica para se tratar de tuberculose. Mas encontrou forças e coragem para iniciar a construção da Niepokalanów, a Cidade de Maria, que existe até hoje, perto de Varsóvia. Criou também o jornal "Cavaleiro da Imaculada", que chegou à impressionante tiragem de 1 milhão de exemplares. Durante algum tempo, viveu em Nagasaki, no Japão, onde também fundou uma Cidade de Maria, chamada Mugenzai-no-sono (Jardim da Imaculada, em japonês). Este lugar ficou milagrosamente protegido da explosão da bomba atômica lançada pelos americanos em 1945.

Em 1941, a Gestapo invadiu Niepokalanów e prendeu o padre Maximiliano. Ele foi conduzido ao campo de concentração de Auschwitz. Em julho daquele ano, um prisioneiro fugiu do campo. Segundo a regra dos nazistas, para cada fugitivo de Auschwitz, dez prisioneiros deveriam morrer, escolhidos por sorteio. Os escolhidos ficavam presos na escuridão de um bunker, sem comer nem beber, até a morte.

Um dos dez prisioneiros escolhidos para morrer chorava amargamente: Franciscek Gajowniczek, um operário e pai de família polonês.
Foi quando o padre Maximiliano se ofereceu para ser trocado e morrer no lugar dele. "Sou sacerdote", disse ele aos guardas do campo. A troca foi feita.

Durante as duas semanas em que permaneceu preso no bunker, Maximiliano rezava e cantava junto com os nove companheiros de martírio. Seu objetivo era claramente salvá-los para a vida eterna. Em 14 de agosto de 1941, um dia antes da festa da Assunção de Maria, Maximiliano continuava vivo. Os nazistas resolveram matá-lo com uma injeção de ácido carbólico. Consta que ele ofereceu o braço ao guarda que lhe aplicou o veneno.

Quarenta e um anos depois, em 1982, Maximiliano Kolbe foi canonizado pelo seu conterrâneo João Paulo II em cerimônia no Vaticano. Um dos presentes era Franciscek Gajowniczek, o homem que o santo salvou.

O exemplo de Maximiliano Kolbe é um antídoto para uma das piores doenças contemporâneas: o egoísmo — um câncer que toma conta não apenas de pessoas, mas também de comunidades, partidos, governos, religiões e correntes ideológicas. Foi nisso que pensei quando vi a imagem do papa Francisco rezando em silêncio na cela em que morreu São Maximiliano Kolbe.