Imagem ilustrativa da imagem Toda nudez será obrigatória
| Foto: Shutterstock



"É como um ovo da serpente, no qual se vê, através da fina membrana, o réptil já em formação."
(Ingmar Bergman)

Vocês sete conhecem a história do rei que saiu nu pelas ruas. Todos os súditos o viam, todos sabiam que ele estava sem roupas, mas ninguém tinha coragem de dizer a verdade, para não passar por estúpido ou ignorante. Foi preciso que um menino, do alto da sua inocência, revelasse em voz alta:

— O rei está nu!

Pois é, meus sete amigos. Chegamos ao tempo que foi profetizado no conto de Hans Christian Andersen. Os que se julgam reis da nossa cultura botam peladões no passeio público, e é proibido fazer qualquer comentário que possa desagradá-los. Quem reclamar será chamado de "fascista", entre outros adjetivos igualmente injustos e difamatórios.

Vivemos hoje a ditadura da nudez, da ideologia de gênero, do politicamente correto. Evidentemente, nenhuma pessoa em sã consciência pode ter algo contra a nudez na arte. Só um idiota rejeitaria, por causa da nudez, uma obra de Michelangelo, Modigliani, Rodin, Edward Hopper e tantos outros gênios. O problema não é esse. O problema é o nu em praça pública. O nu interativo. O nu apenas nu, despido de qualquer outra qualidade.

O que a ditadura militante defende hoje em dia não é o nu artístico: é o nu compulsório. O nu imposto, pago com o dinheiro dos impostos. Parodiando a música do Ultraje a Rigor, podemos dizer hoje que os militantes querem mesmo é o nu com a mão no (nosso) bolso. O nu que invade e privatiza o espaço público. O nu obrigatório para nossas famílias e nossos filhos. E com uma diferença: o menino não pode mais gritar que o rei está pelado. Se fizer isso, ele será censurado pela vã guarda do pensamento.

Isolados numa bolha de arrogância e afetação, os militantes modernos querem impor à sociedade uma agenda que não faz parte da vida das pessoas comuns. Grandes corporações pretendem ensinar a pais e mães o modo correto de educar seus filhos. É uma estranha lógica: você não pode chamar sua filhinha de "princesa", mas pode deixar que ela toque o corpo de um homem sem roupas.

Nosso tempo criou uma personagem tão bizarra que chega a ser inacreditável: o militante antifamília. Mas ele existe. Com seus clichês socialistas, ele grita aos quatro ventos que a família nada mais é do que uma invenção do capitalismo para perpetuar o sistema patriarcal de dominação na sociedade.

Sim, meus sete amigos. Para esse tipo de militante, a nossa família, a família do trabalhador comum, é uma "pseudo-família" — uma coisa falsa, que deve ser impiedosamente destruída por atrapalhar a nova ordem mundial e a revolução. O companheiro antifamília odeia tudo aquilo que nós amamos. A família (ou "pseudo-família") é o seu grande inimigo, porque não pode ser controlada pelo Partido, nem pelo Estado, nem pela Causa.

Mas nós estamos proibidos de reclamar. Afinal, a nudez obrigatória exige mudez obrigatória.