Imagem ilustrativa da imagem Olavo na Casa da Tolerância
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Na próxima segunda-feira (27 de novembro) a Universidade Estadual de Londrina viverá um momento histórico: às 19h30, no Anfiteatro do CCH, será exibido em sessão aberta o filme "O Jardim das Aflições", dirigido pelo cineasta pernambucano Josias Teófilo. A exibição do documentário sobre o filósofo brasileiro Olavo de Carvalho dá início ao projeto UEL, A Casa da Tolerância, iniciativa de um grupo de professores liderados por Gabriel Giannattasio, do Departamento de História da UEL. Tentando não atrapalhar muito, este cronista de sete leitores também faz parte da Casa da Tolerância.

Em algumas universidades onde foi exibido, "O Jardim dos Aflições" provocou conflitos, às vezes violentos, entre os espectadores do filme e militantes políticos de esquerda. Esse desentendimento nasce de um equívoco. Como Olavo de Carvalho é geralmente associado ao pensamento conservador e "de direita" (seja lá o que isto signifique), as pessoas acreditam que o filme é um libelo político ou a defesa deste ou daquele candidato. Nada poderia estar mais longe da verdade: "O Jardim das Aflições" é uma belíssima reflexão metafísica sobre a condição humana, o tempo, a história e a eternidade.

Josias Teófilo conseguiu produzir uma autêntica obra de arte em que filosofia, literatura, música e fotografia se combinam admiravelmente em torno de um núcleo de ideias centrais, sem perder a referência na estrutura da realidade. É tão absurdo dizer que "O Jardim das Aflições" é um libelo político quanto seria comparar um panfleto a um filme de Andrei Tarkovsky.

Ao mesmo tempo, "O Jardim das Aflições" é um exemplo de produto cultural bem realizado. Com financiamento integral por apoiadores privados, o documentário venceu o festival Cine PE (em um júri do qual participou o nosso secretário municipal de Cultura, Caio Cesaro) e teve uma bilheteria maior que a de todos os documentários brasileiros somados nos últimos dez anos.

O filme é uma excelente oportunidade para que o público londrinense possa conhecer o verdadeiro Olavo de Carvalho, ele que, na opinião deste cronista, é um dos melhores escritores da língua portuguesa em atividade. "O Jardim das Aflições" configura, digamos assim, uma antecâmara para quem deseja conhecer de perto a obra de Olavo, seja em seus livros propriamente filosóficos — "O Jardim das Aflições", "A Nova Era e a Revolução Cultural", "O Futuro do Pensamento Brasileiro", "Aristóteles em Nova Perspectiva", "A Filosofia e seu Inverso" —, seja na sua produção de artigos de polêmica cultural — "O Imbecil Coletivo" e "O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota" —, seja nas mais de 400 aulas do seu Seminário de Filosofia na internet.

O Olavo do filme é o Olavo que este cronista conheceu pessoalmente, em duas visitas ao filósofo em Richmond (EUA): um homem generoso, bem-humorado, sempre disposto a contar histórias e compartilhar conhecimento, pai de uma linda e amorosa família. Que o Jardim de Olavo traga boas sementes para o Jardim do Perobal.