O que você vai ser quando morrer?
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terça-feira, 05 de dezembro de 2017
por Paulo Briguet
Reclamar da vida é uma espécie de mania universal. Mas a mania se transforma em vício e vício perigosíssimo quando passamos a culpar Deus pelo que nos acontece de ruim na vida. Ora, o próprio ato da criação pressupõe que o homem e o mundo não sejam perfeitos; se fossem perfeitos, seriam iguais a Deus, e não teriam existência própria. A liberdade é um dos maiores presentes de Deus para nós.
Quem ama a liberdade, portanto, deve aceitar a imperfeição da vida. Todos os tiranos a começar pelo diabo prometem criar mundos perfeitos, onde seremos "como deuses". Eles são os maiores inimigos da liberdade humana, e suas tentativas de recriar o mundo sempre acabam em morticínio. O maior exemplo está nos totalitarismos de nosso tempo, tanto o comunista quanto o fascista. Agora, uma terceira tirania (combinação das outras duas) tenta dominar a humanidade prometendo-lhe um mundo perfeito: chama-se globalismo. É o diabo mais uma vez atuando diretamente na história, discursando sobre uma montanha de milhões de cadáveres.
O professor José Monir Nasser ensinava: "É a rebelião metafísica, a rebelião da criatura que se acha perseguida por Deus, que cria todos os totalitarismos do mundo". Sintomaticamente, os genocidas de nosso tempo Mao, Stálin, Hitler, Lênin, Mussolini, Fidel... passaram por por grandes sofrimentos na vida; quando adquiriram poder, transformaram-se de vítimas em algozes. Na promessa de acabar com as aflições humanas, multiplicaram-nas milhões de vezes.
O sofrimento, meu amigo, será inevitável; a questão é o que você vai fazer com ele. Dostoiévski pedia a Deus: "Senhor, tornai-me digno do meu sofrimento". Os grandes santos e heróis do nosso tempo Padre Pio, Santa Teresinha, Edith Stein, Maximiliano Kolbe, José Kentenich, Viktor Frankl, João Paulo II passaram por imensas dores e provações na vida. Mas não se revoltaram contra Deus. Pelo contrário, acreditaram na promessa do Sermão da Montanha: "Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados!"
Hoje à noite, na minha primeira palestra sobre a obra do professor José Monir Nasser, falarei um pouco sobre algumas coincidências que encontramos nas obras clássicas da literatura universal. Uma das maiores coincidências em todos os grandes livros é o sofrimento humano; a diferença está na maneira como as pessoas lidam com ele. Muitas vezes, a tentativa de reparar (ou vingar) uma dor passada acaba por criar dores incomparavelmente piores.
"Só Deus é quem sabe todo o risco do bordado", diz o ditado mineiro, que inspirou Autran Dourado a escrever um belo romance. Até o fim da nossa vida, jamais saberemos se as dores e aflições que passamos neste mundo não possuem um significado maior. Por isso, José Monir Nasser e seu grande parceiro intelectual, Olavo de Carvalho, aconselham-nos a viver respondendo à seguinte pergunta: "O que você vai ser quando morrer?"
Padre Pio ou Stálin, a escolha é sua.
Palestra "Expedições no mundo da cultura". Hoje, às 19h30, no Centro Paroquial São Vicente de Paulo (Av. Madre Leônia Milito, 545). Entrada franca e sorteio de livros.
Fale com o colunista: [email protected]