Imagem ilustrativa da imagem O que você vai ser quando morrer?
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Reclamar da vida é uma espécie de mania universal. Mas a mania se transforma em vício — e vício perigosíssimo — quando passamos a culpar Deus pelo que nos acontece de ruim na vida. Ora, o próprio ato da criação pressupõe que o homem e o mundo não sejam perfeitos; se fossem perfeitos, seriam iguais a Deus, e não teriam existência própria. A liberdade é um dos maiores presentes de Deus para nós.

Quem ama a liberdade, portanto, deve aceitar a imperfeição da vida. Todos os tiranos — a começar pelo diabo — prometem criar mundos perfeitos, onde seremos "como deuses". Eles são os maiores inimigos da liberdade humana, e suas tentativas de recriar o mundo sempre acabam em morticínio. O maior exemplo está nos totalitarismos de nosso tempo, tanto o comunista quanto o fascista. Agora, uma terceira tirania (combinação das outras duas) tenta dominar a humanidade prometendo-lhe um mundo perfeito: chama-se globalismo. É o diabo mais uma vez atuando diretamente na história, discursando sobre uma montanha de milhões de cadáveres.

O professor José Monir Nasser ensinava: "É a rebelião metafísica, a rebelião da criatura que se acha perseguida por Deus, que cria todos os totalitarismos do mundo". Sintomaticamente, os genocidas de nosso tempo — Mao, Stálin, Hitler, Lênin, Mussolini, Fidel... — passaram por por grandes sofrimentos na vida; quando adquiriram poder, transformaram-se de vítimas em algozes. Na promessa de acabar com as aflições humanas, multiplicaram-nas milhões de vezes.

O sofrimento, meu amigo, será inevitável; a questão é o que você vai fazer com ele. Dostoiévski pedia a Deus: "Senhor, tornai-me digno do meu sofrimento". Os grandes santos e heróis do nosso tempo — Padre Pio, Santa Teresinha, Edith Stein, Maximiliano Kolbe, José Kentenich, Viktor Frankl, João Paulo II — passaram por imensas dores e provações na vida. Mas não se revoltaram contra Deus. Pelo contrário, acreditaram na promessa do Sermão da Montanha: "Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados!"

Hoje à noite, na minha primeira palestra sobre a obra do professor José Monir Nasser, falarei um pouco sobre algumas coincidências que encontramos nas obras clássicas da literatura universal. Uma das maiores coincidências em todos os grandes livros é o sofrimento humano; a diferença está na maneira como as pessoas lidam com ele. Muitas vezes, a tentativa de reparar (ou vingar) uma dor passada acaba por criar dores incomparavelmente piores.

"Só Deus é quem sabe todo o risco do bordado", diz o ditado mineiro, que inspirou Autran Dourado a escrever um belo romance. Até o fim da nossa vida, jamais saberemos se as dores e aflições que passamos neste mundo não possuem um significado maior. Por isso, José Monir Nasser e seu grande parceiro intelectual, Olavo de Carvalho, aconselham-nos a viver respondendo à seguinte pergunta: "O que você vai ser quando morrer?"

Padre Pio ou Stálin, a escolha é sua.

— Palestra "Expedições no mundo da cultura". Hoje, às 19h30, no Centro Paroquial São Vicente de Paulo (Av. Madre Leônia Milito, 545). Entrada franca e sorteio de livros.

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