Mesmo quando faço minhas críticas mais pesadas, procuro sempre seguir algumas regras pessoais. Nunca me alegro com a infelicidade alheia; nunca me deixo dominar pela raiva; nunca esqueço que as pessoas podem, um dia, reconhecer os próprios erros e receber perdão; nunca sou condescendente com a mentira, porque o amor à verdade é a condição essencial para o amor ao próximo. Quem me conhece sabe que procuro sempre manter o bom humor, mesmo nas situações mais tensas. Acordo rindo, rezando e cantando; às vezes fazendo imitações. Vou dormir do mesmo jeito.

Como vocês sabem, já fui ateu, comunista e defensor do aborto. Desci ao inferno e descobri que o principal combustível da cultura da morte é o ódio, ódio em quantidades industriais. Não foi por acaso que os regimes revolucionários promoveram os maiores genocídios da história. Também não é por acaso que certos grupos continuam promovendo a morte de milhões de seres indefesos. As ideologias simplesmente negam o caráter humano àqueles que se coloquem no caminho da "causa". A vítima do comunismo é sempre o "burguês", "o tubarão capitalista" o "traidor", o "inimigo do povo" (assim como no nazismo era o "judeu explorador"). E a vítima do aborto é sempre um "amontoado de células", um "ser sem história". Ideologias são fábricas de não pessoas. Quando dominam as estruturas de poder, são capazes de destruir todo um país; foi precisamente o que aconteceu no Brasil.

Imagem ilustrativa da imagem O ódio é uma droga
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O ódio funciona como uma droga. Quanto mais você o consome, precisa dele em maiores quantidades. Um dia, não é você mais que está falando, é ele. Descobri isso quando olhei para uma igreja devastada por um incêndio, há 17 anos, e pensei: "Esta é a minha alma". Foi o jeito que Deus encontrou para me alertar sobre o inferno em que estava preso.

Confesso que estava desacostumado a presenciar manifestações de ódio. Todos os protestos de rua em que participei nos últimos anos, embora houvesse indignação, foram pacíficos e alegres. Quanto aos protestos com bandeira comunista e petista, venho deles mantendo rigorosa distância.

Nesta semana, porém, eu vi o ódio bem de perto. Foi durante a audiência pública sobre o Dia do Nascituro. Assisti a homens e mulheres rugindo furiosamente contra uma simples data no calendário, destinada à reflexão sobre os nossos irmãozinhos e irmãzinhas não-nascidos. Por que tanto ódio contra seres tão indefesos?

É simples: a defesa dos nascituros vai contra o projeto de poder militante. Como eles não conseguiram eleger ninguém para defender essa visão totalitária de mundo, apelam às instituições e aos coletivos ainda controlados pela esquerda. Houve de tudo naquela audiência: de seminudez a carteirada.

No final da audiência, mostrei um pequeno crucifixo a uma das militantes mais furiosas. Ela me olhou com tamanho ódio e sarcasmo que não tive dúvidas: para essa turma, eu sou uma não pessoa. Você também, caro leitor cristão. E até o bebê que está na sua barriga, futura mamãe. Somos todos não pessoas.