Imagem ilustrativa da imagem O mundo está em chamas
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Este cronista de sete leitores tem visto nos últimos dias a realização dos versos proféticos que o grande poeta irlandês W. B. Yeats escreveu em janeiro de 1919, quando a Europa em ruínas acabava de sair da Grande Guerra. Yeats, um dos maiores poetas modernos, anteviu a escalada de sofrimento e morte que seria a marca dos genocídios contemporâneos. O poema se chama "The Second Coming" (A Segunda Vinda) e começa com os seguintes versos (na tradução de Péricles Eugênio da Silva Ramos):

"Desagrega-se tudo; o centro não segura;
Está solta no mundo a simples anarquia;
Está solta a maré escura do sangue, e em toda parte
A cerimônia da inocência se afogou;
Falta aos melhores convicção, enquanto os piores
Estão cheios de ardor apaixonado."

Então pensei uma das mulheres mais fascinantes do século XX: Edith Stein. Filósofa alemã de origem judaica, ateia na juventude, destacou-se como brilhante aluna de Edmund Husserl, criador da escola da fenomenologia. Por volta dos 30 anos, Edith converteu-se ao catolicismo, após a leitura do "Livro da Vida", de Santa Teresa de Ávila. Entrou para a Ordem das Carmelitas e adotou o nome de Teresa Benedita da Cruz. Presa pela SS nazista, morreu em 9 de agosto de 1942, na câmara de gás de Auschwitz. Uma reflexão de Santa Edith Stein, publicada postumamente, descreve os dias que estamos vivendo hoje:

"O mundo está em chamas. A luta entre o Cristo e o Anticristo escarniçou-se abertamente. Por isso, se te decides por Cristo, pode-te ser pedido também o sacrifício da vida. (...) O mundo está em chamas; o incêndio poderia também pegar em nossa casa, mas acima de todas as chamas ergue-se a Cruz que não pode ser queimada. (...) O mundo está em chamas. Deseja extingui-las? Contempla a Cruz: do coração aberto, jorra o sangue do redentor, sangue capaz de extinguir também as chamas do inferno."

Por fim, pensei no homem anônimo que há 1.900 anos tentou explicar a um amigo chamado Diogneto qual era o único caminho para escapar das chamas do mundo. A carta que parece ter sido enviada diretamente a cada um de nós, Diognetos modernos:

"Vivem na sua pátria, mas como forasteiros; participam de tudo como cristãos e suportam tudo como estrangeiros. Toda pátria estrangeira é pátria deles, a cada pátria é estrangeira. Casam-se como todos e geram filhos, mas não abandonam os recém-nascidos. Põem a mesa em comum, mas não o leito; estão na carne, mas não vivem segundo a carne; moram na terra, mas têm sua cidadania no céu; obedecem as leis estabelecidas, as com sua vida ultrapassam as leis; amam a todos e são perseguidos por todos; são desconhecidos e, apesar disso, condenados; são mortos e, deste modo, lhes é dada a vida; são pobres e enriquecem a muitos; carecem de tudo e têm abundância de tudo; são desprezados e, no desprezo, tornam-se glorificados; são amaldiçoados e, depois, proclamados justos; são injuriados, e bendizem; são maltratados, e honram; fazem o bem, e são punidos como malfeitores; são condenados, e se alegram como se recebessem a vida."

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