Imagem ilustrativa da imagem Farei uma revelação
| Foto: Acervo do Departamento de Comunicação/UE



Meu amigo Luciano Pascoal vasculhava algumas gavetas esquecidas do Departamento de Comunicação da UEL quando encontrou algumas fotos antigas. Eram filmes em preto e branco, do tempo em que as fotografias precisavam passar por um laboratório químico antes de vir à luz. Nem todo mundo sabe, mas a palavra apocalipse quer dizer revelação. Eis o que faziam os estudantes de fotojornalismo de antigamente: pequenos apocalipses no laboratório do lendário Negativo.

Na semana passada, o Luciano desencavou uma foto de 25 anos atrás — a imagem que ilustra a coluna de hoje. Lá estão seis estudantes de jornalismo, nas proximidades da escadaria do Centro de Educação, Comunicação e Artes (CECA). São eles: Patrícia Zanin, Cassiana Pizaia, este cronista de sete leitores, Francelino França, Luciana Martinez Peña e Fábio Alves Silveira.

Estamos felizes na foto. Acabamos de receber um prêmio — na verdade, um troféu, mas quem liga para essas coisas de dinheiro? — em um concurso nacional de estudantes de jornalismo. Um programa radiofônico que escrevemos nas dependências da República da Humaitá e gravamos nos então paleolíticos estúdios da universidade mereceu a distinção em um certo Prêmio Cone Sul de Comunicação, se bem me lembro. Foi em 1991; acho que naquele tempo a Sandra de Sá assinava apenas Sandra Sá.

Os componentes do grupo eram os cinco primeiros estudantes. O quase irreconhecível Fábio Silveira — de quem fui o primeiro editor na imprensa londrinense, no jornal do DCE — está na função de mestre de cerimônias, o que explica a gravata borboleta. Depois do apocalipse da foto, Fábio revelou que estava de bermudas, ao estilo de Cid Moreira no Jornal Nacional (entendedores entenderão; se você não entender, pergunte a alguém com mais de 40 anos).

A professora da disciplina de radiojornalismo era a querida Francisca S. Mota Pinheiro, por todos conhecida como Chica. Foi ela a responsável por improvisar, com carinho e delicadeza, a cerimônia de premiação nos corredores do Ceca. Providenciou inclusive as flores. Não poderia ser diferente, ela é uma flor de pessoa.

Seguimos caminhos diferentes na vida, todos de alguma forma relacionados ao jornalismo. Patrícia é apresentadora e editora na Rádio UEL; Cassiana emprestou seu talento à televisão durante muitos anos, hoje dedica-se à literatura; Luciana é repórter e editora da Rádio CBN, em Maringá; Fábio é jornalista, sociólogo e professor.

E o França?

Francelino França nos deixou precocemente há alguns anos. Foi um brilhante jornalista, teatrólogo, ator e, por fim, cineasta. Trabalhou aqui na Folha vários anos. Era uma das pessoas mais espirituosas e carismáticas que já conheci. Sabia encarar com bom humor até mesmo seus problemas de saúde. Tornou-se amigo e conselheiro de muita gente, incluindo este cronista, e estou para ver alguém que conheça melhor a obra de Nelson Rodrigues.

Se você observar bem a foto, verá que França é o único que está olhando para nós, através do tempo.

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