Imagem ilustrativa da imagem Do lado esquerdo do peito
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Fui comprar pão e encontrei o Marcelo Mafra. É sempre uma alegria conversar com ele. Consultor empresarial dos mais qualificados em nossa cidade, é casado com a Gislaine, talentosa pianista e professora de música.

Nestes dias em que o casamento e a família são constantemente atacados por forças desagregadoras, Marcelo e Gislaine formam uma perfeita imagem da aliança de amor entre o homem e a mulher.

No dia 3 de janeiro, Marcelo e Gislaine completaram 50 anos de vida. É isso mesmo que vocês sete leram: eles não apenas fazem aniversário no mesmo dia, como também nasceram no mesmo ano e na mesma cidade, Londrina. Praticamente foram vizinhos de berçário.

Marcel Proust dizia que a obra de um ser humano precisa de 100 anos para ser concluída. Com essa afirmação, o escritor francês queria demonstrar que as realizações humanas muitas vezes são iniciadas por uma geração de pioneiros e atingem a sua plenitude na geração seguinte. Felizmente, essa limitação do tempo é superada por meio das alianças que se firmam entre as pessoas; a mais nobre delas é a aliança de amor, como esta que se estabeleceu entre o Marcelo e a Gislaine. Com o amor, o tempo corre mais rápido – e a obra floresce antes.

Meus amigos pertencem ao Instituto das Famílias de Schoenstatt, sobre o qual existe uma bela história. O instituto foi criado no campo de concentração de Dachau, na Alemanha, em 1942. Naquele ambiente infernal construído pelos nazistas, o Padre José Kentenich escolheu outro prisioneiro, o economista alemão Friedrich Kühr, para ser o coordenador mundial do Instituto das Famílias. Após a libertação do campo, ao qual Padre Kentenich sobreviveu milagrosamente, Dr. Kühr veio para o Brasil, fixou-se em Rolândia e deu sequência ao trabalho de fortalecimento das famílias em âmbito internacional. Falecido precocemente em 1950, seu corpo encontra-se sepultado no panteão dos heróis de Schoenstatt, ao lado do Santuário Mãe Esmagadora da Serpente, em Londrina. Sim, nossa cidade tem heróis. E precisa muito deles!

Ao conversar com o Marcelo Mafra, sinto-me diante do continuador daquela miraculosa obra florescida no campo de concentração. Em 2015, meu amigo teve um sério problema de saúde e passou alguns dias hospitalizado. Na época, eu trabalhava na ACIL e liguei para a Gislaine, não apenas para saber notícias do Marcelo, mas para dizer que os diretores e funcionários da entidade estavam fazendo uma corrente de orações pela saúde de nosso amigo. Marcelo recuperou-se plenamente, e do difícil episódio guardou uma lição: aproveitar mais o tempo com o que é realmente essencial. A aliança do amor trouxe consigo uma sabedoria do tempo.

Certo dia ouvi dizer que os casais usam a aliança na mão esquerda porque ali passa uma veia que conduz diretamente ao coração. O coração que Marcelo sentiu bater mais forte quando descobriu que ele e Gislaine, sem saber, fizeram a primeira comunhão juntos na Catedral, aos nove anos de idade, no mesmo dia e na mesma hora. Uma aliança eterna.

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