Londrina, 26 de abril de 2017.

Eminentíssimo Senhor Cardeal,

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

Meu nome é Paulo Briguet. Sou escritor e jornalista na cidade de Londrina (Paraná). Na imprensa e nas mídias eletrônicas, meu trabalho consiste em defender os valores cristãos dentro de uma perspectiva inspirada nos textos sagrados, nos ensinamentos dos Padres da Igreja e na tradição literária clássica.

Esta pequena carta tem dois objetivos principais. O primeiro é elogiá-lo pela corajosa defesa da indicação do jurista católico Ives Gandra Martins Filho a uma cadeira ministerial no Supremo Tribunal Federal (STF). Embora a indicação não se tenha efetivado, admirei o seu desassombro em apoiar o nome do Dr. Ives, um eminente defensor da vida e dos valores cristãos.

O segundo objetivo deriva do primeiro. Jamais mencionaria o assunto se não tivesse em alta conta a sua capacidade de discernimento para questões políticas que, cedo ou tarde, envolvem a vida da Igreja.

Como o Sr. certamente sabe, nosso mundo vive hoje um grave conflito em que se opõem as forças do bem e do mal; tenho declarado que o mundo atual testemunha a guerra entre a Páscoa e a Antipáscoa.

Nesse sentido, enche-me de preocupação a atitude de alguns prelados da CNBB diante da proposta de "greve geral" marcada para o dia 28 de abril (sexta-feira). Creio que não seja uma atitude prudente colocar a capacidade mobilizadora da Igreja Católica em apoio a esse movimento paredista.

O alegado motivo para a realização da greve — a reforma da previdência — é, lamentavelmente, apenas uma cortina de fumaça para o real objetivo de seus mentores: enfraquecer a Operação Lava Jato e evitar o seu mais óbvio e impactante desdobramento.

Acreditamos que os arcebispos e a maioria dos sacerdotes favoráveis à greve geral tenham aderido a semelhante ideia por equívoco. Certamente, agiram sem maldade e com as melhores intenções. Mas estão, sem querer, fazendo o jogo de interesses contrários aos da maioria do povo. Um dos pressupostos dos mentores ideológicos da greve geral é a consecução do poder a qualquer preço, algo que fere os fundamentos da nossa fé. Eles são seguidores da estratégia do intelectual radical Saul Alinsky (1909-1972), segundo o qual nunca se deve colocar em primeiro plano os objetivos de um movimento social ou político. Ora, é exatamente o contrário do que a Igreja Católica defende; não por acaso, o Sr. Alinsky dedicou a primeira edição de seu livro "Rules for Radicals" a Lúcifer — considerado pelo autor como "o primeiro dos radicais".

Não por acaso, os mesmos grupos que se utilizam da questão previdenciária para disfarçar o ataque à Lava Jato são aqueles que defendem as famigeradas práticas da cultura da morte denunciada por São João Paulo II, tais como o aborto, as drogas e a ideologia de gênero.

Ainda há tempo, Eminentíssimo D. Sérgio, para que a CNBB retire seu nome da lista de apoiadores dessa greve. Não devemos, sob pretexto de defender a aposentadoria, ajudar a enterrar a Justiça em nosso País. Fazer isso seria cair na armadilha preparada pelos inimigos da Igreja.

Respeitosamente, peço a bênção a este humilde fiel.

Paulo Briguet.