Imagem ilustrativa da imagem Avenida Paraná, um ano de vida
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Hoje a Avenida Paraná está completando um ano de vida. Desde 12 de janeiro de 2016, quando saiu o texto inaugural da coluna, já publiquei 303 crônicas, 157.560 palavras e 878.700 caracteres, sem contar as notas diárias, comentários em vídeo, imitações (Paulo Francis e Lula, preferencialmente), músicas (de meu amigo Chico Buraco) e outros conteúdos do blog hospedado pela Folha de Londrina. Vocês podem dizer muita coisa sobre mim, menos que eu não trabalho!

Pouco antes daquele dia 12, o telefone tocou. Era José Nicolás Mejía, o superintendente da Folha. Com o fechamento do jornal em que eu trabalhara antes, convidava-me para um desafio que ao mesmo tempo era um sonho: publicar uma coluna diária em um grande jornal. Nunca serei grato o suficiente por essa oportunidade.

Digo a vocês de todo o coração: em termos profissionais, este foi o ano mais gratificante da minha vida. Gratificante não significa fácil, longe disso. Publicar uma coluna diária exige um envolvimento completo do autor, que passa a respirar coluna em quase tudo que vê, ouve, sente, pensa e sonha. Esforço que é plenamente recompensado quando encontro um dos meus oitavos leitores na rua e eles dizem as palavras mágicas: — Obrigado. — Continue. — Vá em frente.

Vejo este primeiro ano de Avenida Paraná como uma caminhada. Existe a Avenida Paraná do espaço, em que andamos por esta amada terra de Londrina e suas irmãs do Norte Paranaense. Existe a Avenida Paraná do tempo, em que percorremos os episódios de nossas histórias sociais e individuais, sempre movidos pela compaixão. Existe a Avenida Paraná do sonho, em que ampliamos o horizonte da nossa imaginação moral e intelectual. Existe, finalmente, a Avenida Paraná do coração, que engloba e unifica todas as outras.

Quando digo que a coluna faz hoje um ano de vida, estou sendo literal: considero-a uma personagem plenamente viva, tal como os versos ou livros que amo. Certamente ela não possui a mesma qualidade literária, mas se esforça por apresentar "impressões autênticas" (no dizer de Saul Bellow) e falar "com o coração nas mãos" (como ensina Olavo de Carvalho).

Escrever é reescrever. Costumo dizer que minhas crônicas, por mais diferentes que pareçam entre si, são sempre a reescritura do mesmo texto. É claro que algumas saem mais felizes que outras; é inevitável que alguns erros escapem. Não serão erros suficientes para que certos justiceiros peçam minha cabeça — como, no entanto, eles já vêm fazendo há 25 anos —, mas são consideráveis para que eu deixe aqui um pedido de desculpas. "É preciso ter a coragem de fazer coisas imperfeitas", dizia meu pai (que também era cronista).

Eu sempre caminhava com meu pai. Quando ele vinha a Londrina, e vinha sempre, andávamos à beira do lago. A nossa última caminhada foi feita pouco antes da sua morte. Lembro-me sempre daqueles passos que demos juntos quando inicio meu trabalho diário de conversar com vocês, meus queridos oitavos leitores.

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