Imagem ilustrativa da imagem Apesar deles
| Foto: Evaristo Sá/AFP



Amanhã é provável que o Brasil esteja livre do pesadelo de um governo petista. Mas digo isso apenas como quem informa que foi debelado o incêndio no reator de uma usina nuclear; os efeitos devastadores da esquerda no poder continuarão a se prolongar por muitos anos e levaremos talvez gerações para reconstruir o País. O que não impede de fazermos a nossa parte hoje, como aquele operário que coloca um pequeno tijolo na catedral que só o seu neto verá finalizada.
A metáfora do desastre nuclear me foi dada pela leitura do excepcional livro "Vozes de Tchernóbil", da escritora e jornalista bielo-russa Svetlana Aleksiévitch, ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura em 2015. A obra, qualificada como "um monumento ao sofrimento e à coragem do nosso tempo", retrata as consequências do desastre nuclear de Tchernóbil, em 1986, pelos depoimentos de suas vítimas na Bielorrússia (hoje Belarus), uma das repúblicas que compunham a antiga União Soviética. Note-se que o acidente de Tchernóbil foi o prenúncio do fim do império marxista-leninista, cinco anos depois.
A radiação nuclear e a corrupção ideológica revelam impressionantes semelhanças. Ambas são igualmente invisíveis e catastróficas; ambas levam muitíssimo tempo para ser eliminadas; ambas se apresentam de início sob as vestes de um bem para o povo; ambas se propagam com a mentira. A diferença é que o veneno nuclear é medido em roentgen; o veneno da corrupção, calculado em bilhões de reais. A radiatividade destrói os corpos; a mentira ideológica devasta os espíritos.
Agora que Dilma — bato três vezes na madeira! — deixará a cena, as mais decisivas batalhas do povo brasileiro vão ocorrer nos campos da cultura, da educação e da mídia. Se na Bielorrússia o principal inimigo foi a radiação nuclear, no Brasil ele é a mentira ideológica nas escolas, nas universidades, nas artes e espetáculos, nos meios de comunicação. A esquerda saiu do governo, mas não saiu do poder.
Você, brasileiro, tem direito não apenas a uma escola sem partido para o seu filho, como também à universidade sem proselitismo, à mídia sem censura, à cultura sem submissão, à fé sem ultraje. A mentira ideológica sequestrou quase todas as nossas instituições; cabe a nós o dever de resgatá-las. Ou nos livramos do jugo esquerdista, ou toda a nossa vida institucional será apenas uma acomodação com máfias, e o País se verá privado de tudo que é mais precioso: o amor da família, os frutos do trabalho, a beleza da arte, a verdade da cultura, a consolação do sagrado.
O que vivemos nos últimos anos tem um nome: catástrofe. Sim, a organização criminosa quebrou o Estado; mas, cedo ou tarde, a economia será recuperada. Muito mais profunda e danosa foi a devastação na alma do País. A reconstrução começa agora, e um excelente primeiro passo seria não eleger candidatos comprometidos com os desastres de hoje ou de ontem, na cidade e no Brasil.

Apesar deles, hoje há de ser outro dia.

Fale com o colunista: [email protected]