Quando Olavo de Carvalho afirmou, há alguns anos, que as duas únicas forças políticas do país eram o PT e o PCC, ele não estava longe da verdade. Os recentes banhos de sangue em penitenciárias do Amazonas e Roraima são apenas a face visível e condensada de um processo iniciado há muito tempo no Brasil: a tomada do poder pelo crime organizado. Em português claro: revolução.

As chacinas em presídios são muito mais do que um simples ajuste de contas entre facções criminosas. É claro que esse aspecto da rivalidade entre grupos de bandidos sempre existiu, mas o objetivo principal das carnificinas é enviar uma mensagem para o conjunto da sociedade. É como se os bandidos estivessem dizendo para o povo:

— Amanhã as vítimas serão vocês.

Logicamente esse "amanhã" é retórico. Um país que tem 60 mil homicídios por ano, ou 164 por dia, ou 6 por hora, ou um a cada dez minutos — tal país não pode dizer que a violência é uma possibilidade futura. A guerra está aqui, ao nosso lado. As chacinas são nada menos que uma declaração de guerra. Um ato revolucionário.

Dias atrás, um amigo meu teve seu carro baleado por assaltantes. Ele e a esposa escaparam por milagre, um milagre de Natal. Eu não me surpreenderia se os bandidos estivessem aproveitando para trabalhar durante o indulto natalino. (Curioso como nunca se procurou ajudar as famílias que passam o Natal e o Ano Novo sem os seus entes queridos mortos pela bandidagem.)

Não por acaso, foi justamente durante essa época de distribuição de benefícios aos presos que ocorreram os dois massacres. É preciso deixar uma coisa clara: quem cometeu estas carnificinas foram os próprios bandidos. A culpa dos governantes é permitir que as facções criminosas imperem nas prisões, da mesma forma que imperaram, ao longo dos últimos anos, na estrutura do Estado. O resto é conversa fiada de "especialistas" em coisa nenhuma e das muitas babás de bandidos que existem na classe falante brasileira.

Da mesma forma que lutamos contra a corrupção, precisamos empregar as nossas maiores energias na luta contra os crimes de sangue. Está na hora de fazer uma Lava Jato do cárcere. Ou seremos eternamente comandados pelos comandantes do crime.