Os nossos leitores me surpreendem a cada dia. Seus textos, carregados de emoção me deixam, assim, meio flutuando em ideias e sentimentos que cotidianamente a gente abafa. E, é incrível! Sabe o que eu contei, ontem, sobre o ímã apaixonado? Pois então, os textos abaixo tiveram um efeito semelhante em mim. Estou me sentindo apaixonada.

Ontem, o nosso tema Amor estava um tanto mais cético. Mas, hoje, borboletas no estômago estão liberadas. Só cuidado em não se empolgar muito e enviar agora 'aquela' mensagem que há tempos está escrita. Não nos responsabilizamos pelo efeito mágico que histórias de amor têm sobre as pessoas. Estou tentado lidar aqui comigo da melhor forma possível.

E, ainda, não sei explicar o porquê, passei o dia todo com uma frase em loop ritmado na minha cabeça. "Garçom troca o DVD, que essa moda me faz sofrer e o coração não 'guenta'." Sobe o som DJ!.

Não me julguem.

Abraços,

Patrícia Maria


FRAGMENTO DE UMA CARTA DE AMOR



Encontrei jogado na calçada, perto da igreja matriz, um pedaço de papel rasgado e amassado. Trazia um sutil tom rosa como cor predominante, além de motivos florais e borboletas nas bordas. Percebi ser a parte inferior da folha que costumamos chamar de rodapé.

A caligrafia traçada no pedaço papel era delicada, seguramente feminina e possivelmente de uma adolescente. Essas suposições se concretizaram quando li a identificação do bilhete. Afirmo, sem medo de errar que a jovem escreveu naquela folha de diário uma carta de amor, pois a frase final, única que restou do papel rasgado, era direta e recheada de sentimento: "Eu só queria que você soubesse que eu te amo, Juninho! ASS. Letícia - 8ª B."

"Nossa, um discurso de quem ama! Que raridade!", pensei. Possivelmente, a Letícia, não quis "pagar mico". Acabou por rasgar e amassar aquilo que havia saído de dentro de seu coração. Teve medo ou vergonha? Não sei. Sei apenas que a jovem sufocou seu sentimento mais sublime.

Hoje, nossa mente, embotada, proíbe que externemos nossos melhores sentimentos, nossos melhores amores, nossos melhores corações. Acabamos rasgando e amassando o que o amor deixa escrito em nossa alma. E, por que isso?

Ficou fora de contexto dizer que ama? E quem ama, por pura insegurança, sente medo de dizer. Medo de ser 'zoado', zombado, rejeitado, depreciado, ou, deletado.

Prefere-se, hoje, a frieza da relações banais e inconclusas de redes sociais - novas tecnologias de comunicação que, além de desunir pessoas, e separar corações, cometeu aquilo que considero um crime inafiançável: desintegrou as relações afetivas - deixou do lado a quentura do abraço!

"Pô, Juninho, a Letícia só queria que você soubesse que ela te ama e, o que é mais definitivo, eternizou o sentimento na delicadeza da caligrafia floreada da esferográfica! Imagina, Juninho, que legal seria você fazendo parte do mundo dessa menina amorosa e recheada de sentimentos, o mesmo sentimento que o bilhete rosa esculpiu. Troca uma ideia com ela, 'mano', nem que seja pelo WhatsApp".

Você é que está certa, Letícia: ame, ame muito, ame sempre... Deixe-se levar pelo coração. Ah, Letícia, se não der certo, tudo bem - ame de novo... Mas jamais torne a rasgar em 'não' o que seu coração, sensível, escreveu em 'sim'!

JOÃO CÂNDIDO DA SILVA NETO é eletricitário em Santo Antônio da Platina.


Ou, João, o Juninho jogou o bilhete depois de recebê-lo da Leticia. E, partiu o pobre coração da menina, da mesma forma que partiu o papel ao meio. Em quaisquer dos casos, você está com a razão: "Pô, Juninho!"

FIQUE SABENDO


Por que os relacionamentos não duram muito hoje em dia? Por que o "amor eterno" dura menos que a bateria do seu celular? A minha resposta? Falta de diálogo! Você conhece de fato a pessoa que está ao seu lado? Sabe qual a cor favorita dela? Sabe o que ela sonhava em ser nos tempos de infância? Sabe qual foi o momento mais marcante na vida dela? Não? Então qual o dificuldade em largar essa porra de celular, olhar nos olhos da pessoa e simplesmente ouvir?

Puxe um assunto, fale de seus sonhos; seus objetivos, suas alegrias e decepções; conte uma piada, mesmo que seja aquela piada sem graça; fale sobre músicas, filmes, lugares, comidas... Não há limites. Basta conversar. Uma simples frase do tipo "como foi o seu dia?" pode mudar o dia de alguém. Então o faça. Esqueça a internet, a TV ou qualquer outra coisa que tome seu tempo, e converse. Não custa nada, não dói e com certeza você irá se surpreender. Conhecer o íntimo das pessoas é muito bom. Conheça e deixe que te conheçam também!

Eu quero que você fique sabendo de uma vez por todas, que todo santo dia eu abro sua foto e fico ali, por um bom tempo, analisando seu rosto, deslizando o dedo sobre a tela, te acariciando, mesmo que você não sinta.

Que você saiba que abro sua conversa, todo o tempo, pra saber a última vez que você esteve on line. Que sempre quero te escrever alguma coisa, mas nunca sei o que dizer. Que quero dizer tudo o que sinto, mas temo a sua reação. Que te mando uma imagem engraçada, às vezes, só pra fazer você rir mesmo e puxar um assunto, muitas vezes sem sucesso.

Que você saiba, que assim que vejo uma postagem sua, seja uma foto, um texto, um link, um vídeo, um check-in, ali estará minha curtida. E, não só ela. Ali, também, estará meu singelo comentário de elogio, de bom dia, boa tarde, boa noite. Ali também estará à minha vontade de compartilhar o que você postou, te marcar e escrever na legenda "Sou louco por essa pessoa!".

Quero sim que você fique sabendo, de uma vez por todas, que desde a primeira vez que eu te vi, me apaixonei e essa paixão cresce toda vez que você se faz presente, mesmo que apenas na tela do celular.

PAULO SERGIO CALETA DA SILVA é leitor da Folha de Londrina


E, esse foi o cronista Paulo Sergio dando um 'tapa na cara' da sociedade pós-moderna e seus relacionamentos superficiais. Um pouco perturbador, Paulo. Mas, no fim, que atire a primeira pedra, quem nunca sentiu aquele gelo na barriga de ter ligado para a pessoa, quando só queria abrir a foto no WhatsApp.

PAIXÃO FATAL DE UM GÊNIO EM CONFLITO



Ele não era nada sociável. Aos dezesseis anos, George não se comportava como os outros garotos da sua idade, não tinha namorada e não gostava de sair de casa. Era inteligente, extremamente inteligente. Um gênio quando comparado à maioria da turma. Seu momento de glória era quando tocava seus instrumentos musicais e compunha suas próprias canções, muitas delas falando do desprezo que nutria pela vida. Não era belo, mas tinha um charme rebelde. Autodefinia-se um amante, 'amante da morte'.

Que estrada sinuosa o teria conduzido para esse recanto sombrio ninguém sabia dizer, nem mesmo seu analista de quem ele zombava dizendo ser capaz de antever suas interpretações durante as sessões de psicanálise custeadas pelo pai. George, emocionalmente era de uma fragilidade avassaladora como só os gênios o são.

O processo de análise era lento e ele decidiu abreviá-lo. Entediado, George decidiu que deveria, enfim, que faria como todos queriam, seria uma pessoa 'normal' e após um tempo compôs uma canção na qual pela primeira vez se declarava apaixonado. Pela primeira vez, também, convidou os pais para ouvir sua maviosa canção de amor. Eles ficaram extasiados. A alegria foi geral, afinal, ninguém se apaixona por alguém se antes não se apaixonar por si mesmo, não é? Se questionaram baixinho e foram dormir, felizes pela melhora do trato social de George.

Logo que amanheceu, seus pais se levantaram cedo, fizeram café, envoltos de uma aura de alegria, foram chamar George para se juntar a eles na refeição matinal. Ao abrir a porta do quarto sorridentes, um quadro dantesco os aguardava. Sobre a cama estava o corpo inerte do filho, agarrado à uma guitarra, desligada. Entre os dedos, o papel com a letra da canção de amor. No verso, um escrito que ninguém havia notado: "Amada Morte, razão única da minha existência, para ti é a minha última canção". No chão, jazia um frasco de psicotrópico vazio. O que fora remédio para a depressão de sua mãe, tornara-se a sua "cicuta". A dor e o desespero tomou conta do casal. Perderam um filho, um gênio, que nunca soube o significado da palavra felicidade!

JAIR QUEIROZ é psicólogo e leitor da Folha de Londrina, seu conto é baseado em fatos reais e o nome do personagem é fictício.


Jair, mais uns dois parágrafos e eu teria me esperançado com um final feliz. Já estava até planejando como eu poderia apresentar a Leticia para o George. Esse final, partiu meu coração. Vou ficar chateada a semana inteira.

PRIMEIRO AMOR


Quando eu estava no pré-escolar, gostava de um menininho que sentava atrás de mim. Ele vivia me olhando, me cutucando e bisbilhotando o que eu fazia: Danilo. Um parente distante, desses tipo sobrinho do marido da irmã do marido da irmã mais velha do meu cunhado.

Nessa época, eu já estava interessada em artes, devido a uma forte influência de uma de minhas irmãs, eu tenho cinco delas e outros três irmãos. Enfim, eu gostava da aula de artes, e como ele estava sempre por perto, passei a gostar dele também. Mas a gente nunca se falava.

Numa escala filmes românticos adolescentes, ele estaria para a turma dos populares e eu a dos artistas incompreendidos, a propósito, desconsiderando o fato de termos apenas seis anos, ambos.

O grande dia em que o vi caminhar na minha direção. Fiquei assustada, arregalei meus olhinhos e as borboletas tomaram conta do meu estômago. "O que vou dizer? Será que ele gosta de mim? Será que ele vai me convidar para o lanche? Enquanto ele se aproximava, criei um mundo de projeções e expectativas, numa realidade cor de rosa, na qual nós estávamos felizes, comendo nosso lanchinho juntos e só... seis anos, lembram?

Meu primeiro amor chegou perto de mim com um olhar cândido e eu fiquei vermelha de vergonha. Ele se aproximou mais, puxou o papel da minha mesa, saiu correndo e rasgou o desenho do patinho que eu tinha feito e ficou rindo com os outros meninos da sala. Sabe aquele momento de 'cair a ficha', pois então, aí meus olhinhos se encheram de lagriminhas, fiz bico e chamei a professora para reclamar, em vão. Ela não podia colar os pedacinhos, nem do meu desenho, nem do meu coração.

Já dá para imaginar que foi o fim do nosso romance. E, prometi para a Patrícia do futuro que não ia mais me enganar com os homens, jurei juradinho. E, é claro que não cumpri a promessa. Me desmancho em paixões platônicas a todo instante. Óh céus!!

PATRICIA MARIA ALVES é jornalista na Folha de Londrina e só escreveu esse relato para amenizar a angústia causada pela história do George.


Olhando em retrospecto, acho que ele gostava mesmo de mim. Mas como eu ia saber? Se ao invés de falar comigo, ele rasgou meu desenho? Depois dizem que complicadas são as mulheres. Pode até ser verdade, mas que isso não ameniza a complexidade masculina, ahh, isso não mesmo! *** Esse conto também é baseado em fatos reais mas, ao contrário do Jair, eu não troquei os nomes. Danilo, você me magoou. Quero o meu patinho. Trate de pintar outro para mim. Beijos.
Espero vocês na próxima semana. Enquanto isso que tal aproveitar o clima romântico e levar seu amor para comer uma cocada na Exposição Agropecuária, andar de roda gigante e dar um beijo apaixonado lá no alto, só com as estrelas de testemunhas!! Ai ai. Okay, okay, já parei!



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