São Paulo - Em recado aos Estados Unidos, mas sem citar o país nominalmente, o líder chinês, Xi Jinping, criticou o intervencionismo americano em outras nações em seu discurso na 76ª Assembleia-Geral da ONU nesta terça-feira (21).

O líder do regime comunista chinês usou, também sem dizer o nome do país, o exemplo da turbulenta retirada das tropas americanas do Afeganistão após 20 anos de ocupação militar. "Episódios recentes no cenário internacional mostram, mais uma vez, que a intervenção militar estrangeira e a chamada 'transformação democrática' podem não trazer resultado nenhum além de dano", disse, referindo-se implicitamente ao retorno do Talibã ao poder no país.

O líder disse ainda que "democracia não é um direito especial reservado a um país" para intervir em outros países.

Horas antes do discurso de Xi, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, também havia feito uma série de críticas à China sem citar o nome do país, ao dizer, por exemplo, que vai se opor à "tentativas de países mais fortes de dominar outros mais fracos". Apesar de deixar clara sua posição, Biden defendeu que todos os países trabalhem juntos para conter as mudanças climáticas e para que o mundo supere a pandemia da Covid-19.

Foi esse o mesmo tom do discurso de Xi, que defendeu que "diferenças e problemas entre países precisam ser desenvolvidas por diálogo e cooperação na base da igualdade e do respeito mútuo", ainda que tenha se referido de forma implícita várias vezes ao intervencionismo americano.

"A China nunca invadiu nem nunca vai invadir ou humilhar outro país ou tentar alcançar a hegemonia. A China constrói paz, contribui para o desenvolvimento global e defende a ordem internacional", disse.

Segundo o líder do gigante asiático, "o sucesso de um país não deve significar o fracasso de outro país. O mundo é grande o suficiente para acomodar progresso de todos os países. Precisamos buscar o diálogo e a inclusão, não o confronto e a exclusão. Devemos construir um novo tipo de relações internacionais baseado no respeito mútuo, equidade, justiça e cooperação."