São Paulo - A Câmara dos Representantes dos EUA aprovou nesta quinta-feira (21) a abertura de processo criminal por desacato contra Steve Bannon, aliado do ex-presidente Donald Trump e nome importante da ultradireita global, influente também no Brasil por meio de figuras como Olavo de Carvalho e Eduardo Bolsonaro. A decisão contou com 229 votos a favor - nove republicanos se juntaram à maioria democrata da Casa - e 202 contra.

 Bannon afirma não ter colaborado com a investigação sob o argumento de que as comunicações de Trump são protegidas por privilégio executivo
Bannon afirma não ter colaborado com a investigação sob o argumento de que as comunicações de Trump são protegidas por privilégio executivo | Foto: Michal Cizek/AFP

O processo envolve a invasão do Capitólio, sede do Legislativo americano, por apoiadores de Trump em 6 de janeiro. Bannon se recusou a prestar depoimento e a cumprir intimações de busca de documentos. Caberá agora ao Departamento de Justiça decidir se prosseguirá com a acusação criminal.

Estrategista da campanha de 2016 do republicano, Bannon afirma não ter colaborado com a investigação sob o argumento de que as comunicações de Trump são protegidas por privilégio executivo, que preserva a confidencialidade de certos registros da Casa Branca - posição que não é consenso entre especialistas.

Com base nessa justificativa, o ex-presidente busca uma liminar para não ter que apresentar documentos relacionados ao ataque. Na segunda (18), ele abriu uma ação judicial contra o comitê do Congresso que investiga o ataque ao Capitólio para tentar bloquear o acesso a cerca de 50 registros de decisões tomadas por ele e aliados durante o ataque de 6 de janeiro, duas semanas antes da posse de Joe Biden.

Nessa data, já na história americana como um dos maiores atentados contra a democracia do país, os congressistas estavam reunidos para certificar a vitória do democrata nas eleições presidenciais.

Quando ainda ocupava a Casa Branca, Trump usou o privilégio executivo em situações controversas. Em 2018, impediu que senadores tivessem acesso a mais de 100 mil páginas de registros da época em que o juiz Brett Kavanaugh, seu indicado para a Suprema Corte, trabalhava para o governo de George W. Bush.

Em outra ocasião, em 2019, vetou a entrega ao Congresso de um relatório que investigava a suspeita de que a Rússia teria interferido em seu favor na campanha eleitoral de 2016.

Pelo menos outras três figuras próximas a Trump estão sendo investigadas pelo comitê de deputados: Mark Meadows, que foi chefe de gabinete, Kash Patel, ex-assessor de Segurança Nacional, e Dan Scavino, diretor de mídia social da Casa Branca na gestão republicana.

Além de estremecer as bases das instituições democráticas dos EUA, a invasão do Capitólio, arquitetada por uma multidão de apoiadores insuflados pelo discurso falacioso de Trump acerca de uma suposta fraude nas eleições, deixou cinco mortos e feriu 140 policiais. Desde então, mais de 600 pessoas enfrentam acusações criminais em decorrência das ações.