Nova York - O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) desmarcou em cima da hora uma entrevista que daria à ONU News, site de notícias da entidade, após seu pronunciamento na Assembleia-Geral da entidade, nesta terça-feira (21), em Nova York.

Pela manhã, o brasileiro foi o responsável pelo discurso de abertura do evento, em que fez um relato distorcido da situação do país, cheio de acenos à sua base radical - ignorando apelos por moderação feitos pela ala pragmática do governo.

Depois de falar no plenário, ele não compareceu à entrevista com o site das Nações Unidas. Bolsonaro preferiu deixar o prédio da sede da ONU pouco após o pronunciamento.

Desde domingo (19), quando chegou aos EUA, o presidente tem evitado a imprensa. Até a manhã desta terça, não havia parado em nenhum momento de seus deslocamentos por Nova York para responder a questões dos jornalistas que acompanham a viagem.

Ele deu apenas duas declarações soltas, na segunda (20). De manhã, em tom de ironia, disse que seu discurso seria em braile (sistema de escrita tátil usado por cegos). À noite, voltou ao tema e afirmou que usaria a Linguagem Brasileira de Sinais (Libras).

O presidente, porém, fez um vídeo, publicado em sua conta no Facebook, criticando um pequeno protesto contra ele em frente à residência da missão brasileira junto à ONU, no Upper East Side, na noite de segunda. Na gravação, ele diz que há mais repórteres do que manifestantes, a quem chamou de acéfalos.

Há a expectativa de que antecipe a volta ao Brasil, marcada inicialmente para as 21h (22h pelo horário de Brasília).

Além da Assembleia em si, o presidente teve poucos compromissos oficiais. Ele se encontrou com o premiê britânico, Boris Johnson, na segunda, e com o presidente polonês, Andrzej Duda, e com o secretário-geral da ONU, António Guterres, pouco antes do pronunciamento desta terça.

O Itamaraty e o governo brasileiro ainda não divulgaram o que foi tratado com Duda, que tem posicionamento conservador e se coloca como um defensor da família dita tradicional.