Imagem ilustrativa da imagem OSCILAÇÃO - Diagnóstico de depressão bipolar pode levar até 10 anos



Identificar uma doença é essencial para se conviver com ela, mas a depressão bipolar tem difícil diagnóstico e é pouco discutida na sociedade. Diferente da depressão comum, a doença exige tratamentos específicos para que não se estenda a um dado que assusta: 15% dos mais de 4 milhões de brasileiros que possuem a doença tiram a própria vida, segundo a ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria).

Em uma semana, uma pessoa está com a autoestima inflada, dorme pouco, fala muito, se distrai, enfrenta ações de risco, fica agitada e com perturbação de humor. Esses foram os exemplos do episódio de mania, parte mais alta de oscilação do transtorno bipolar, apresentados em um evento por José Alberto Del Porto, médico psiquiatra e professor da USP (Universidade Federal de São Paulo). "Mania alude a um estado de exaltação do humor acompanhado de alteração da atividade e dos impulsos", explica.

Em outro período, o episódio depressivo surge e segue as mesmas características da depressão comum: tristeza profunda e desesperança. Para a diferenciação, o médico ressalta características que sugerem bipolaridade, como ganho de peso, delírios e ocorrências em idade precoce. Essa oscilação para a depressão grave ou de episódios mistos (tristeza e agitação juntas) aumenta o risco de suicídio em até 40 vezes.

Identificar para tratar é o primeiro passo, mas alguns pacientes levam até 10 anos para serem diagnosticados. Segundo Osmar Ratzke, presidente da APPSIQ (Associação Paranaense de Psiquiatria), independente da área, todo médico precisa compreender as diferenças entre as depressões. "Onde ele estiver atendendo um paciente com depressão, é preciso investigar se existe passado de aceleração, excesso de compras, insônia difícil. Precisa do histórico, pois na depressão bipolar o paciente fica a maior parte do tempo deprimido, cerca de 90% de depressão e só 10% em aceleração", informa.

Ratzke explica que os profissionais de saúde paranaenses estão sempre discutindo o assunto para melhorar o diagnóstico. "Transtorno bipolar é diferente de depressão bipolar, que é diferente da depressão unipolar. Os tratamentos são diferentes. A gente tenta divulgar, debater, informar, o assunto faz parte dos nossos congressos", indica. O tema será discutido na XI Jornada Paranaense de Psiquiatria, que será realizada em agosto, em Foz do Iguaçu (Oeste).

PREJUÍZOS

Del Porto destaca que os custos diretos ocasionados pelos remédios, hospitalização, cuidadores, entre outros, são menores perante à falta de tratamento. "Muitos pacientes deixam de trabalhar, pois não são produtivos, faltam mais. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) e o Banco Mundial, essa é uma das dez maiores causas que acarretam ônus para o sistema financeiro", explica.

Porém, a doença vai além do prejuízo econômico. "Não deve ser medido apenas o ônus financeiro, mas em sofrimento pessoal, incluindo a tentativa de suicídio e óbito. A depressão maior é um problema muito grave para a saúde pública, mas o risco de suicídio é muito maior entre os bipolares que entre os unipolares", afirma. Segundo a ABP, essa é a doença mental que mais causa mortes por suicídio.

A confusão dos sintomas e a falta de informação contribuem para a dificuldade do diagnóstico. Pensando nisso, a campanha "Depressão bipolar: está na hora de falar sobre isso", promovida pela farmacêutica Daiichi-Sankyo, alerta sobre a conscientização da doença, divulgando informações sobre a depressão bipolar em vários canais. Em breve, profissionais e público leigo poderão saber mais por meio do site: www.estanahoradefalarsobreisso.com.br.

N A repórter viajou a convite da Daiichi-Sankyo