Patrícia Zanin
De Londrina
Responsável pelo suporte político a Jaime Lerner (PFL) quando o pedágio foi criado, no final de 97, a base do governador na Assembléia Legislativa não dá sinais de arrependimento. O líder do governo na Casa, deputado Valdir Rossoni (PTB), minimizou a polêmica criada em relação ao reajuste das tarifas e aos contratos do governo com as concessionárias que exploram o pedágio no chamado Anel de Integração. ‘‘Toda mudança traz problemas, mas esse sistema de concessão está sendo adotado no País inteiro. Se não tivéssemos o pedágio, estaríamos hoje sem condições de tráfego nas rodovias federais, como é o caso da BR-153’’, argumentou.
Rossoni disse que não tem elementos para discutir se o reajuste médio de 116% nas tarifas é correto. ‘‘A questão do valor pode ser debatida. Nesse sentido, a postura do governador, de buscar uma negociação, tem sido correta’’, elogiou. O aumento foi autorizado pela Justiça a pedido das concessionárias e iria vigorar a partir do próximo dia 27, mas está suspenso até o julgamento do mérito da questão. ‘‘Não tenho dúvida que as rodovias tinham de ser concessionadas. Hoje elas estão em condições de tráfego. Se não fossem pedagiadas, não teríamos mais rodovias no Paranᒒ.
Rossoni argumentou ainda que a chancela da base governista à privatização das estradas teve o objetivo de evitar o ‘‘prejuízo para o desenvolvimento do interior do Estado com o processo de privatização, que dependia de atrativos, como boas rodovias’’.
Ele reconheceu, porém, que se o cálculo do pedágio não for ‘‘muito bem feito’’, o transporte de cargas poderá se inviabilizar. O líder aposta em uma solução negociada e acredita que a Assembléia é o espaço legítimo para o debate. ‘‘É o lugar ideal porque é na Assembléia que estão os representantes da população, que escolheu os deputados e o governador para resolver os problemas. Não temos medo de enfrentá-los’’.
O líder do governo, porém, não sabe como será feito o debate. ‘‘É uma situação nova’’, confessou. Ele descartou a possibilidade de discutir o rompimento do contrato do governo com as concessionárias. ‘‘A discussão com a sociedade, com o meio político, é salutar e vai amadurecer. Vamos chegar a um ponto em que as coisas vão funcionar muito bem’’, afirmou. Em relação à CPI do Pedágio, reivindicada pela oposição, Rossoni disse que ela é desnecessária.
Para entrar em vigor, o pedágio não precisou ser aprovado pela Assembléia. O governo usou uma lei que dispõe sobre concessões e permissões de serviços públicos, sancionada em dezembro de 95, para garantir a exploração das rodovias públicas pela iniciativa privada. Procurado ontem pela Folha, o autor da lei, deputado Neivo Beraldin (PSDB), disse que sua idéia, na época, era permitir associação entre governo e iniciativa privada. ‘‘Propus a lei com base numa legislação federal, mas quem regulamentou foi o governo. Além do mais, o governo fez os contratos com as empresas e isso foge da minha responsabilidade. Os deputados não conhecem os contratos. Poderíamos tirar essa história a limpo com uma CPI’’, defendeu.