A pandemia da Covid-19 (que ainda não terminou) fez a sociedade repensar muitas questões frente aos desafios que o simples fato de "tocar a vida adiante" significou nos dois anos em que o cenário teve mais agudo da disseminação do coronavírus: 2020 e 2021. Mas provavelmente o maior desafio surgido na pandemia foi a educação. Famílias, escolas e universidades precisaram realizar mudanças drásticas para que as aulas continuassem sendo dadas a distância. Esse foi o momento em que a figura do professor mostrou-se mais valorizada. Como fez falta a relação frente a frente entre docentes e estudantes, seja da educação básica à graduação universitária.

No início, a pandemia impôs uma atitude extremamente desafiadora e disruptiva aos professores e alunos. Ministrar aulas para uma câmera ao invés de uma plateia de carne e osso. Se as aulas remotas durante a pandemia alcançaram o objetivo estabelecido, ficou evidente que o trabalho do professor foi transformado em missão, propósito e entrega.

A dedicação dos cientistas que trabalham nas universidades públicas e privadas do Brasil e do mundo também foram essenciais para que o mundo tivesse não uma, mas algumas vacinas contra a Covid-19. A imunização foi a principal condição para que as aulas voltassem de forma presencial em tantos países, em todos os níveis educacionais.

Mas nas universidades estaduais do Paraná o silêncio voltou às salas de aula, como aconteceu três anos atrás. Só que dessa vez não tem ensino remoto para driblar a pandemia.

Professores das instituições paralisaram ou anunciaram que vão parar as atividades neste mês de maio reivindicando reposição salarial de 42%, referente à data-base acumulada dos últimos sete anos. A greve começou primeiro na UEL (Universidade Estadual de Londrina), no dia 8 de maio. O governo do Estado sinalizou com um percentual de 5,79%, a ser pago a partir do mês de agosto. O valor não agradou os docentes.

Nesta sexta-feira (19), a greve dos professores da UEL apresentou um novo capítulo. O Cepe (Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão) maior universidade estadual do Paraná aprovou a suspensão do calendário acadêmico da graduação, com excepcionalidades. A decisão vale a partir desta sexta.

As atividades pedagógicas dos últimos períodos não foram suspensas, de acordo com a decisão do conselho, garantindo a solenidade da colação de grau. As excepcionalidades são apresentadas em reportagem nesta edição do jornal.

Cada cidade paranaense que concentra uma universidade estadual sabe o quanto essa instituição representa à comunidade nos quesitos educação, pesquisa e extensão. Assim como entende o papel econômico que representa para a região a movimentação de alunos que vêm de outras regiões para estudar e morar no município.

O intuito desse editorial não é apontar quem está certo ou errado. Sabemos que os professores precisam ser valorizados e bem remunerados e sabemos das dificuldades que os estados brasileiros têm hoje para equilibrar receitas e despesas. E temos certeza que os dois lados (governo e professores) precisam conversar e negociar. E a sociedade torce pelo sucesso dessa negociação.

Muitos dos homens e mulheres que ocupam hoje uma cadeira na Assembleia Legislativa, em Curitiba, ou representam os paranaenses nas Câmaras Municipais ou no Congresso estudaram em uma universidade mantida pelo Estado do Paraná. Seria extremamente importante que esses políticos lembrassem de quanto foi importante a sua formação e ajudassem a promover esse entendimento.

Obrigado por ler a FOLHA!