A notícia ganhou evidência esta semana e virou até investigação por parte do MPT (Ministério Público do Trabalho) do estado de São Paulo. Em site de ofertas de emprego, uma família de Campinas anunciou contratação de governanta e um dos requisitos era que a candidata já tivesse tomado as duas doses da vacina da farmacêutica americana Pfizer.

Do ponto do vista do direito trabalhista, a exigência já confira uma irregularidade, pois demonstra discriminação e é por conta disso que o MPT entrou no caso. Do ponto de vista técnico, especialistas em saúde pública e infectologistas afirmam que a escolha por esse ou aquele imunizante não faz sentido e atrapalha o processo de imunização da sociedade contra a Covid-19.

A preferência por imunizante não tem base científica e as pessoas que adotam essa prática, que se espalha como um novo vírus pelo país, ganhou o nome de ‘sommelier de vacina’. No Paraná, o problema existe e a secretaria municipal de Saúde de Londrina tem registrado casos de pessoas que tentam escolher a marca do imunizante anti-covid que será aplicado.

De acordo com o responsável pela pasta, Felippe Machado, alguns moradores têm questionado os profissionais de saúde sobre a vacina e indicando que gostaria de receber a dose de determinada farmacêutica.

“Esse momento não é de colocar nossa vontade individual à frente do interesse coletivo. Precisamos proteger as pessoas, vacinar o maior número de cidadãos londrinenses de forma rápida e ágil”, advertiu o secretário.

A única exceção é para as gestantes, que só podem ser imunizadas com doses da Pfizer e Coronavac, vacinas que não possuem o vetor viral, seguindo determinação do Ministério da Saúde.

Foram aprovadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), com condicionantes específicas, a CoronaVac, vacina adsorvida inativada, fabricada pela Sinovac (China) e Instituto Butantan; AstraZeneca, vacina recombinante, produzida pela AstraZeneca, Oxford e Fiocruz; Pfizer, de RNA mensageiro, da Pfizer e BioNTech; Janssen, recombinante, fabricada pelo braço farmacêutico da Johnson & Johnson; Sputnik V, recombinante, do Instituto Gamaleya (Rússia); e Covaxin, adsorvida inativada, feita pela Bharat Biotech (Índia).

"Nossa orientação e pedido para a população é que se vacine com a vacina que está disponível. Vacina boa é a que vai no braço do cidadão, que vai proteger ele, a família dele e vai permitir que gradativamente possamos retomar a nossa vida ao normal”, pontuou Machado.

Entre os principais motivos que levam os brasileiros a rejeitar uma ou outra marca está a fake news (sempre ela) sobre efeitos colaterais e noções equivocadas de baixa eficácia.

O fato é que todas as vacinas contra a Covid-19 em uso no país têm índices de imunização considerados satisfatórios pela Anvisa e foram aprovadas pela agência. A vacinação constitui um pacto coletivo e uma questão de saúde pública. Sair da fila por opção de marca e atrasar o processo é um ato egoísta.

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