Londrina - A carceragem do 5º Distrito Policial (DP), na zona norte, está superlotada. Ontem, 104 homens dividiam as seis celas construídas para abrigar 24 pessoas. O calor excessivo deixa a situação ainda mais caótica: parte da população carcerária apresenta doenças de pele em virtude da falta de ventilação e excesso de umidade. ''Está desumano'', comentou um servidor público, cuja identidade foi preservada.
A cena é muito parecida com a registrada no início do ano no antigo 2º DP. A carceragem estava com o triplo da capacidade e houve surto de sarna. A Promotoria de Saúde Pública solicitou a interdição do espaço, conseguiu judicialmente. Na tentativa de desafogar o setor, presos foram transferidos para outros distritos e unidades prisionais de Londrina.
Na época, um acordo entre as secretarias de Segurança Pública e de Justiça deliberou pela transferência semanal de pelo menos 15 detentos do 5º DP para a Casa de Custódia de Londrina (CCL), unidade que abriga presos provisórios. No entanto, o acordo não vem sendo cumprido. O descumprimento já foi motivo de críticas por parte do delegado-chefe da 10 Subdivisão Policial, Márcio Amaro.
''Desde a rebelião na CCL no dia 12 não transferimos mais nenhum preso. A explicação é que muitas celas foram danificadas e não há como abrir novas vagas'', explicou Amaro. A galeria 2 do presídio, onde ocorreu a rebelião, está interditada.
Amaro informou que na última semana determinou a transferência de dez presos para o 4º Distrito, como forma paliativa para diminuir a superlotação. O 4º DP, cuja capacidade é para 24 internos, abriga 60 presos. ''Fiz um pedido extraordinário para a Secretaria de Segurança para tirarmos 30 presos de uma vez só do 5º DP. Ainda estou aguardando uma resposta'', frisou Márcio Amaro.
A Secretaria de Segurança informou que o acordo com a Secretaria de Justiça continua em vigor e que está buscando outro local para que as transferências de presos possam ser retomadas nos próximos dias.
A superlotação também traz insegurança. No último fim de semana a polícia conseguiu frustar uma fuga em massa. Os detentos escondiam brocas, estoques e celulares nas celas.
A situação da carceragem do 5º DP chama a atenção de entidades de direitos humanos. ''Tem uma série de situações que precisam ser discutidas no sistema carcerário do Paraná, mas parece que o governo fecha os olhos para isso e não toma providências'', criticou o coordenador do Centro de Direitos Humanos de Londrina, Carlos Enrique Santana.
A comissão de direitos humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) promete encaminhar o caso à Promotoria Pública. ''A gente vai averiguar essa situação in loco com o Ministério Público. Não pode ficar assim'', afirmou a advogada Caroline Thon. O promotor de Defesa dos Direitos e Garantias Constitucionais e da Saúde Pública, Paulo Tavares, não tinha conhecimento do problema e prometeu apurar o caso.